Portugal paga mais juros para conseguir financiamento

Portugal paga mais juros para conseguir financiamento


Portugal realizou hoje duas emissões de dívida pública de longo prazo, no valor total de 1,2 mil milhões de euros, e pagou juros mais altos do que as anteriores operações comparáveis. A procura continua a superar a oferta e o Tesouro não teve dificuldades em atrair investidores.


Numa emissão de Obrigações do Tesouro a cinco anos, o IGCP conseguiu endividar-se a uma taxa de 2,03%, o que compara com a taxa de 1,42% em leilão para semelhante prazo, realizado em julho de 2015. A procura foi 1,54 vezes a oferta e montante emitido atingiu 594milhões de euros.

Numa emissão de Obrigações do Tesouro a dez anos, a taxa foi de 3,138%, o que compara com a taxa de 2,4% do leilão anterior com uma maturidade semelhante, realizado em novembro de 2015. A procura foi 1,6 vezes a oferta e foram emitidos 621 milhões de euros.

“As taxas a que o país se endividou, quer a cinco quer a dez anos, subiram face às últimas taxas comparáveis, mas as taxas anteriores mais baixas referem-se a leilões realizados há largos meses, antes do movimento recente de subida”, realça Filipe Silva, director de gestão de ativos do Banco Carregosa.

Os juros da dívida têm vindo a agravar-se desde a preparação do orçamento de Estado. No pico, as taxas a dez anos subiram até 4,5%. “Depois aliviaram mas não o suficiente para voltarmos aos níveis de 1 ou 2% dos leilões anteriores”, explica Filipe Silva.

Ainda assim, o director do Carregosa lembra que as taxas de hoje estão “em linha com o que está a ser praticado no mercado” e que “o país continua a conseguir colocar dívida de longo prazo sem qualquer problema, mantendo a procura constante”.

Se Portugal voltará a juros entre 1 e 2% ou para perto de 4,5%, “é difícil antecipar”.

joao.madeira@ionline.pt