EUA. Netanyahu já não quer reunir-se com Barack Obama

EUA. Netanyahu já não quer reunir-se com Barack Obama


Casa Branca garante ter sabido da decisão pela imprensa. Governo israelita desmente e avança que Netanyahu não quer interferir com as primárias


O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu decidiu ontem que já não vai aos Estados Unidos no dia 18 deste mês e que, por consequência, não irá reunir-se com o presidente americano, Barack Obama.

O anúncio, que a Casa Branca garante só ter sabido através dos media, foi recebido com “surpresa” pelo governo americano, uma vez que tinha sido o próprio primeiro-ministro israelita a solicitar o encontro.

“Estávamos a antecipar um encontro bilateral e ficámos surpreendidos ao saber por notícias dos media que o primeiro-ministro, ao invés de aceitar o nosso convite, optou por cancelar a visita”, avançou o porta-voz do Conselho Nacional de Segurança da Casa Branca, Ned Price. “As notícias de que não estávamos dispostos a acomodar a agenda do primeiro-ministro são falsas”, acrescentou Price.

Contrariamente às afirmações da Casa Branca, o gabinete de Netanyahu garantiu que o embaixador de Israel terá avisado de que havia uma grande possibilidade de o primeiro-ministro israelita não poder viajar para os Estados Unidos.

A mesma fonte garante que o primeiro-ministro terá “apreciado a disposição de Obama em recebê-lo” mas Netanyahu decidiu “não ir a Washington” uma vez que os Estados Unidos “estão no auge das campanhas das eleições primárias”.

Esta não foi a primeira vez que Obama foi apanhado desprevenido pelos planos de última hora de Netanyahu. No ano passado, a Casa Branca chegou mesmo a acusar o primeiro-ministro israelita de uma violação do protocolo diplomático de longa data, quando Netanyahu anunciou ter planos para um encontro conjunto no Congresso sem ter avisado o presidente americano.

Tensão A relação entre Obama e Netanyahu sempre foi difícil e agravou-se com as negociações do acordo sobre o programa nuclear do Irão – com o qual Netanyahu não concorda – e com o volume da ajuda dada pelos Estados Unidos ao seu país.

O atual acordo dá a Israel a quantia de 3,1 mil milhões de dólares por ano bem como gastos para outros projetos como defesa contra mísseis.

Ainda assim, Israel deixou claro que esperava um acordo mais chorudo da parte dos Estados Unidos, sugerindo que preferem esperar até que chegue ao poder outro presidente americano para voltarem a negociar.

Visita Quando os Estados Unidos receberam a notícia do cancelamento da visita do primeiro-ministro israelita, o vice-presidente americano, Joe Biden, já estava a caminho de Israel. Biden chegou ontem ao país onde vai reunir-se com Netanyahu.

A viagem de Biden, acontece no meio de uma onda de cinco meses de violência entre Israel e vários territórios palestinianos, que já resultaram na morte de 181 palestinianos e 28 israelitas.

Depois de se reunir com o primeiro-ministro israelita, Biden viaja para Ramallah para se encontrar com Mahmoud Abbas, presidente palestiniano.

Apesar das tentativas de acordos de paz, Obama reconheceu que não haverá acordo abrangente entre os dois povos antes de ele deixar o cargo, a janeiro de 2017.

daniela.ferreira@ionline.pt