A polémica contratação de Maria Luís Albuquerque pela Arrow Global chega hoje ao parlamento e vai ser analisada na subcomissão de Ética. Foi a própria a pedir à comissão para avaliar o seu caso, que tem sido alvo de críticas dos adversários políticos, mas também dentro do PSD.
“Isto é um enorme tiro no pé”, disse Luís Marques Mendes na SIC Notícias. O ex-líder do PSD considera que este caso representa “uma machadada na credibilidade dos políticos”. Não foi o único ex-líder do partido a criticar a decisão da ex-ministra das Finanças na praça pública. Manuela Ferreira Leite foi ainda mais dura e acusou Maria Luís de “ausência total de bom senso ao aceitar um cargo desta natureza”.
Apesar de Passos Coelho ter vindo defender a sua ministra com o argumento de que “não há nada do ponto de vista ético que se lhe possa apontar”, o PSD já faz contas aos estragos que este caso está a provocar. “Politicamente, é um embaraço”, admite ao i um dirigente social–democrata. Marques Mendes também defendeu, no seu habitual comentário de domingo à noite, que esta polémica tem “consequências para o PSD, porque Maria Luís, aos olhos do povo, era uma espécie de número dois de Passos Coelho. Isto é uma falha no porta-aviões”. E José Eduardo Martins, ex-deputado social-democrata, escreveu nas redes sociais que “não há como esconder o dano que isto causa ao PSD”.
António Capucho, ex-dirigente do PSD que foi expulso nas últimas autárquicas por integrar uma lista independente, felicitou, na sua página de Facebook, Marques Mendes e Paulo Rangel por “não deixarem de criticar de forma aberta e desassombrada a inqualificável contratação de Maria Luís Albuquerque por uma empresa estrangeira da área financeira que teve importantes negócios com o Banif”. O ex-secretário-geral do PSD classificou a atitude da ex–ministra das Finanças como “simplesmente vergonhosa”.
Maria Luís enviou uma carta à subcomissão de Ética a pedir para avaliar se existe alguma incompatibilidade entre a sua contratação pela Arrow Global e o facto de ter sido ministra das Finanças e, agora, deputada. Maria Luís defende que “a situação em nada configura impedimento ou incompatibilidade” com esses cargos. Os socialistas também já tinham pedido para avaliar se “há ou não alguma perversidade ou alguma cumplicidade negativa”. A polémica reabriu a discussão sobre as incompatibilidades de cargos políticos. O BE já anunciou que vai voltar a apresentar um projeto para impedir os políticos de trabalharem no setor que tutelaram.