O governo de António Costa já efetuou 994 nomeações em apenas três meses em funções, das quais 859 só para os gabinetes ministeriais, de acordo com a pesquisa do i a todos os despachos publicados em Diário da República (DR) até à última sexta-feira.
Este número, no entanto, até peca por defeito. Em relação aos gabinetes, porque há vários membros do executivo que ainda não publicaram qualquer nomeação para adjuntos, assessores/consultores, administrativos, secretárias ou motoristas. No caso dos cargos da administração pública, a contabilidade do i só abrange os despachos já publicados em DR, não incluindo por isso os novos dirigentes já anunciados, como por exemplo para a presidência do Centro Cultural de Belém (CCB). Convém referir, porém, que muitas das nomeações agora concretizadas resultam de concursos lançados ainda pelo anterior governo (ver texto ao lado).
Sócrates e Durão tinham mais Analisando só os gabinetes, o universo de nomeados vai seguramente aumentar nas próximas semanas. Mas fazendo a análise apenas com o número contabilizado até à passada sexta-feira, podemos concluir que o governo liderado por António Costa é o quarto maior desde Durão Barroso, só atrás dos executivos de José Sócrates em períodos semelhantes – em cerca de três meses, o segundo já tinha feito 997 nomeações, e o primeiro 866 – e do próprio Durão Barroso, que tinha publicado 866 nomeações mas ao fim de cinco meses. Ou seja, não faltará muito para o atual governo ultrapassar o do executivo liderado pelo antigo presidente do PSD e da Comissão Europeia. O governo de Santana Lopes efetuou 846 nomeações em dois meses e meio.
Outra das conclusões que se podem retirar é que os 60 membros do governo de António Costa já nomearam mais pessoas para os gabinetes do que o de Passos Coelho em quase sete meses (750) – uma situação que até nem causa grande surpresa, uma vez que o executivo da coligação PSD/CDS só tinha 48 membros em funções nos primeiros meses.
Esta é a principal razão pela qual as despesas dos gabinetes do atual governo dispararam para 58,2 milhões de euros este ano, mais 6,7 milhões do que em 2015, ano em que o executivo de Passos Coelho e Paulo Portas já tinha 56 membros.
177 assessores e consultores De acordo com a análise do i aos despachos publicados, os 60 membros do governo já nomearam 178 adjuntos, 177 assessores/consultores/especialistas, 190 administrativos/auxiliares, 127 secretárias e outros tantos motoristas.
A lista dos governantes com mais pessoas nomeadas é liderada pelo ministro da Defesa, José Azeredo Lopes, com um total de 32, das quais 13 administrativos/auxiliares e sete assessores/consultores/especialistas. O segundo lugar é ocupado pelo ministro das Finanças, Mário Centeno, com 27 nomeações, dez das quais de assessores/consultores/especialistas e cinco secretárias. O primeiro–ministro e o ministro da Economia surgem em terceiro ex aequo, com 26 nomeações. António Costa já nomeou oito adjuntos, nove assessores/consultores/especialistas, sete secretárias e um motorista. Já Manuel Caldeira Cabral nomeou cinco adjuntos, sete assessores/consultores/especialistas, sete administrativos/auxiliares, três secretárias e outros tantos motoristas.
Com mais de 20 nomeações aparecem ainda a ministra da Administração Interna (25); o da Educação (23); o dos Negócios Estrangeiros (22); o da Ciência e Ensino Superior (21); o secretário de Estado do Orçamento e o ministro da Cultura (20). Os secretários de Estado dos Assuntos Fiscais e da Educação têm 19; a secretária de Estado Adjunta e da Modernização Administrativa e os ministros do Trabalho, da Saúde e da Agricultura, 18.
Das 135 nomeações para a AP, 27 são em regime de substituição