GNR. Militares das forças especiais chamados para fazer as obras no novo quartel

GNR. Militares das forças especiais chamados para fazer as obras no novo quartel


Militares da Unidade de Intervenção começaram a chegar ao Quartel do Carmo há pouco mais de um ano. Espaço precisou de obras de requalificação e os militares foram chamados a colaborar


Os militares da Unidade de Intervenção (UI) da GNR – um grupo especializado daquela força de segurança – estão a ser chamados a participar nas obras de requalificação do Quartel da Pontinha. A transferência das várias subunidades do Quartel de Santa Bárbara para a nova casa já está concluída, mas o espaço precisava de uma intervenção e o “elevado número de melhoramentos” que foi necessário fazer levaram a uma convocatória especial. Sempre em regime de “voluntariado”, garante a GNR.

No início, a colaboração era pontual. Há pouco mais de um ano, quando os militares da Unidade de Intervenção começaram a mudar-se de armas e bagagens para as novas instalações, ficou de imediato claro que o edifício precisava de obras para receber as centenas de elementos. De tempos a tempos eram chamados militares para participar nesses trabalhos de requalificação do Quartel da Pontinha.

Mas, ao longo dos meses, a convocatória de elementos das várias subunidades da GNR – Ordem Pública, Explosivos, Operações Especiais, Proteção e Socorro e Canina – foi-se tornando uma prática habitual por parte das chefias da UI.

Ao ponto, refere ao i um elemento daquela unidade, de os militares a quem são atribuídas escalas menos preenchidas serem automaticamente reencaminhados para os trabalhos de requalificação do Quartel da Pontinha. Nessa tarefa, os militares das várias subunidades ficam a dar apoio – como uma espécie de “serventes” – aos elementos da Secção de Obras da Companhia de Comando e Serviços (CCS), a quem “organicamente” cabe desempenhar tarefas como a adaptação das novas infraestruturas da Unidade de Intervenção.

A situação tem sido suportada por uma minoria dos militares que compõem a UI, mas mesmo assim tem causado desconforto. Um exemplo disso aconteceu há cerca de duas semanas. Um pelotão de militares da unidade foi destacado para a fronteira com Espanha, para participar numa ação de fiscalização de rotina a um comboio que entrava em Portugal. Como a operação decorreu na noite de sexta-feira e se prolongou pela madrugada de sábado, quando voltaram ao quartel, esses elementos foram dispensados da escala. E o trabalho que lhes caberia recaiu sobre quem ficou no quartel, gerando algum desagrado entre os militares.

Trabalho “voluntário” A GNR reconhece que os militares têm sido chamados para colaborar nas obras do quartel. Mas garante que ninguém foi destacado contra a sua vontade. “Além destes militares [da CCS], existe também um pequeno grupo de militares das outras subunidades que executam trabalhos diversos, de forma voluntária”, confirma ao i fonte oficial.

No entanto, o “voluntarismo” a que a GNR alude é enquadrado, por quem está no terreno, na lógica militar. “Quando um superior nos chama para dizer que são precisos quatro voluntários para aqueles trabalhos, dois homens dão o passo em frente e os outros dois voluntariam-se assim que o superior os chama para a tarefa”, exemplifica um elemento da UI.

Mas a GNR contesta essa alegada obrigatoriedade de colaboração em funções que não estão atribuídas aos militares. Fonte oficial garante que “se esses homens, em algum momento, tivessem manifestado que não queriam participar naqueles trabalhos, nunca seriam obrigados a ir para as obras”. E, até ao momento, ninguém o fez.

Adaptação do quartel A grande quantidade de trabalhos necessários e a adaptação às novas funções do Quartel da Pontinha justificam a necessidade de colaboração dos militares e explicam a intervenção em curso, que estará prestes a terminar. “Ao longo dos últimos tempos foram realizadas obras com vista à criação de condições de habitabilidade e operacionalidade necessárias, por forma que a transferência da unidade pudesse ocorrer”, acrescenta a GNR. E o envolvimento destes militares nessas tarefas “deve-se à sua elevada disponibilidade e espírito de bem servir, no sentido de criar as condições mínimas necessárias para que a transferência pudesse ocorrer”.

A transferência de todas as subunidades que compõem a UI já está concluída e os cerca de 500 elementos daquela força especializada já estão nas novas instalações (exceção para uma minoria que garante a segurança do Quartel de Santa Bárbara até que seja entregue ao proprietário – algo que deverá estar prestes a acontecer).