A jornada eleitoral de sábado mostrou os primeiros efeitos da frente anti-Trump, que se vai crescendo no Partido Republicano: o magnata teve piores resultados do que as sondagens previam, confirmou a tendência para perder caucuses e acabou as quatro votações sem ser o republicano com mais delegados eleitos.
O problema, para aqueles que dão tudo por tudo para evitar a sua nomeação, é que o principal beneficiado da tendência é Ted Cruz, que na ausência de Trump seria o mais antissistema dos candidatos republicanos.
Os estados do Kansas, Maine e Kentucky escolheram o seu candidato através de caucus, convenções populares que colocam os eleitores em debate antes de escolherem o seu candidato. E nessa fórmula, onde o voto raramente é secreto e a capacidade mobilizadora do aparelho tem mais influência, Trump soma cinco derrotas em sete eleições. Um dado que confirma também a sua boa adesão com eleitores independentes, pois os caucus são geralmente fechados a militantes, enquanto muitos dos estados que realizam primárias abrem a votação a não filiados e até a democratas.
E esse será um grupo importante de eleitores caso Trump venha a ter o que pediu no sábado: uma luta de um contra um frente ao ultraconservador Ted Cruz. “Marco Rubio teve uma noite muito, muito má e pessoalmente penso que é tempo de desistir da corrida”, defendeu o magnata referindo-se à última esperança moderada dos republicanos – que ao fim de 19 votações soma apenas uma vitória. Ao mesmo tempo, Cruz – vencedor no Kansas e Maine – lembrava que enquanto os rivais de Trump permanecerem “divididos, Donald terá vantagem”.
Mas até agora ninguém desistiu e face à corrente partidária que defende a manutenção dos candidatos como forma de somar o máximo de votos anti-Trump e impedir o milionário de somar os 1237 delegados necessários para a vitória, Cruz mostra-se tão revoltado como o alvo do aparelho: “Isso é loucura do aparelho de Washington, porque os seus candidatos preferidos não conseguem ter votos”, disse ao garantir que apoiará Trump caso este lidere o número de delegados no final da corrida.
Para Trump, que no sábado sofreu a derrota mais pesada até ao momento ao ficar a 25% de Cruz no Kansas, a ideia de o partido apontar um candidato fora das primárias caso ninguém obtenha o número que garante a vitória “tornará impossível a vitória de um republicano”. “Estamos a discutir com o presidente Obama sobre um juiz e isso significará que eles poderão nomear três, quatro ou cinco juízes muito, muito liberais”, avisou, em referência ao debate sobre a substituição de um dos membros do Supremo.
O republicano diz que será Hillary Clinton a fazer essas nomeações, que apesar das duas derrotas de sábado voltou a aumentar a sua vantagem de delegados face a Bernie Sanders ao vencer por larga margem no Lousiana. E, apesar de Sanders continuar a prometer levar a luta até ao fim, a ex-secretária de Estado também se mostra confiante na vitória, lembrando ontem que é a candidata que mais votos somou até ao momento – não só na corrida democrata, mas incluindo também os republicanos.