A CPLP: origens, missão e futuro


A CPLP tem de ter uma nova visão estratégica que tenha presente várias  alterações à sua condição de organização internacional, que tem de aprofundar cada vez mais o seu alargamento, com base numa geografia variável.


“Os nossos países devem assumir um compromisso no desenvolvimento do capital humano.” Murade Murargy

Foi este o título do seminário diplomático organizado recentemente pelo secretário executivo da CPLP, embaixador Murade Murargy, no qual participaram como oradores, para fazerem comunicações sobre o tema e para assistirem aos trabalhos, diplomatas e protagonistas da vida política, económica, social e cultural, como foram os casos, entre outros convidados, do diplomata moçambicano Pedro Comissário, do embaixador e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal António Monteiro e da embaixadora e ex-ministra da Justiça de São Tomé Alda Melo dos Santos.

Foi uma iniciativa positiva que deveria ser realizada também nos países-membros da CPLP. Em Portugal, deveria servir como exemplo para que outras iniciativas sejam organizadas, por forma a que no ano em que se comemora o 20.o aniversário da criação e constituição da CPLP (que será assinalado no Brasil a 17 de julho, na próxima cimeira desta organização) Portugal debata e alargue a base de conhecimento sobre esta organização e sobretudo se perceba o que deverá ser a CPLP nas próximas décadas. E também para chamar à discussão vozes que pouco têm contribuído para a vida da CPLP e que, pelo generalismo das suas posições, a têm diabolizado, e que na prática traduzem um desconhecimento sobre as suas origens, missão e futuro. Para os Estados e para os povos do espaço territorial, identitário, cultural, linguístico, económico e social que constituem a família lusófona, que vai muito para além do vetor linguístico, é que é importante que se debata e se construam plataformas de entendimento relativas ao futuro da CPLP e, sobretudo, da sua nova visão estratégica.

Estudo e investigo há muito tempo todas as matérias relativas à lusofonia e à CPLP. E quanto mais tempo passa enquanto lusófono e como português, tenho como certo que a CPLP tem de ter uma nova visão estratégica que tenha presente várias alterações à sua condição de organização internacional, que tem de aprofundar cada vez mais o seu alargamento, com base numa geografia variável não assente apenas e só no critério linguístico, bem como tem de se assumir como uma organização cada vez mais de pendor económico – para além de outros vetores interligados em outras áreas que do ponto de vista político, diplomático e jurídico devem ser priorizadas. 

Para além de, enquanto português, considerar que o pior que poderá acontecer para Portugal e para os portugueses é persistirem algumas tentações (umas mais ostensivas mediaticamente) de portugalizar a CPLP.

O ano de 2016 é o indicado para se debater o futuro, num mundo cada vez mais complexo e completamente diferente do que tínhamos quando, há 20 anos, foi criada a CPLP, no Brasil. A CPLP dos Estados tem de ser cada vez mais a CPLP dos seus povos. Temos uma só língua. Mas temos várias culturas. Povos da CPLP não significa automaticamente identidade lusófona. Todos os seus povos têm uma história, com muitas identificações comuns, positivas e negativas. Há muito para fazer no que diz respeito à globalidade dos interesses comuns (os atuais e os futuros) dos Estados e dos povos. A unipolaridade e a soberba (normativa e não só) de alguns países e até de algumas opiniões públicas, em relação a outros países-membros da CPLP, devem ser devidamente temperadas. No domínio da concretização das políticas externas dos países-membros da CPLP, as suas matérias têm de ganhar prioridade e utilidade. A CPLP foi a última organização internacional criada no mundo com base na língua. Fazê-la ficar prisioneira da língua é o mesmo que querer assumi-la como um nado-morto. Os que a quiserem com base nos modelos da Commonwealth e da francofonia estão errados. Da sua natureza, organização, funcionamento e relacionamento têm de fazer parte outros e melhores objetivos, melhor organização, maior orçamento e maior agilidade, que tenham presente o seu potencial e a sua utilidade económica, social e cultural.

Perceções erradas continuadas sobre algumas matérias da vida interna de alguns países são obstáculos que devem ser dispensados.

Escreve à segunda-feira 


A CPLP: origens, missão e futuro


A CPLP tem de ter uma nova visão estratégica que tenha presente várias  alterações à sua condição de organização internacional, que tem de aprofundar cada vez mais o seu alargamento, com base numa geografia variável.


“Os nossos países devem assumir um compromisso no desenvolvimento do capital humano.” Murade Murargy

Foi este o título do seminário diplomático organizado recentemente pelo secretário executivo da CPLP, embaixador Murade Murargy, no qual participaram como oradores, para fazerem comunicações sobre o tema e para assistirem aos trabalhos, diplomatas e protagonistas da vida política, económica, social e cultural, como foram os casos, entre outros convidados, do diplomata moçambicano Pedro Comissário, do embaixador e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal António Monteiro e da embaixadora e ex-ministra da Justiça de São Tomé Alda Melo dos Santos.

Foi uma iniciativa positiva que deveria ser realizada também nos países-membros da CPLP. Em Portugal, deveria servir como exemplo para que outras iniciativas sejam organizadas, por forma a que no ano em que se comemora o 20.o aniversário da criação e constituição da CPLP (que será assinalado no Brasil a 17 de julho, na próxima cimeira desta organização) Portugal debata e alargue a base de conhecimento sobre esta organização e sobretudo se perceba o que deverá ser a CPLP nas próximas décadas. E também para chamar à discussão vozes que pouco têm contribuído para a vida da CPLP e que, pelo generalismo das suas posições, a têm diabolizado, e que na prática traduzem um desconhecimento sobre as suas origens, missão e futuro. Para os Estados e para os povos do espaço territorial, identitário, cultural, linguístico, económico e social que constituem a família lusófona, que vai muito para além do vetor linguístico, é que é importante que se debata e se construam plataformas de entendimento relativas ao futuro da CPLP e, sobretudo, da sua nova visão estratégica.

Estudo e investigo há muito tempo todas as matérias relativas à lusofonia e à CPLP. E quanto mais tempo passa enquanto lusófono e como português, tenho como certo que a CPLP tem de ter uma nova visão estratégica que tenha presente várias alterações à sua condição de organização internacional, que tem de aprofundar cada vez mais o seu alargamento, com base numa geografia variável não assente apenas e só no critério linguístico, bem como tem de se assumir como uma organização cada vez mais de pendor económico – para além de outros vetores interligados em outras áreas que do ponto de vista político, diplomático e jurídico devem ser priorizadas. 

Para além de, enquanto português, considerar que o pior que poderá acontecer para Portugal e para os portugueses é persistirem algumas tentações (umas mais ostensivas mediaticamente) de portugalizar a CPLP.

O ano de 2016 é o indicado para se debater o futuro, num mundo cada vez mais complexo e completamente diferente do que tínhamos quando, há 20 anos, foi criada a CPLP, no Brasil. A CPLP dos Estados tem de ser cada vez mais a CPLP dos seus povos. Temos uma só língua. Mas temos várias culturas. Povos da CPLP não significa automaticamente identidade lusófona. Todos os seus povos têm uma história, com muitas identificações comuns, positivas e negativas. Há muito para fazer no que diz respeito à globalidade dos interesses comuns (os atuais e os futuros) dos Estados e dos povos. A unipolaridade e a soberba (normativa e não só) de alguns países e até de algumas opiniões públicas, em relação a outros países-membros da CPLP, devem ser devidamente temperadas. No domínio da concretização das políticas externas dos países-membros da CPLP, as suas matérias têm de ganhar prioridade e utilidade. A CPLP foi a última organização internacional criada no mundo com base na língua. Fazê-la ficar prisioneira da língua é o mesmo que querer assumi-la como um nado-morto. Os que a quiserem com base nos modelos da Commonwealth e da francofonia estão errados. Da sua natureza, organização, funcionamento e relacionamento têm de fazer parte outros e melhores objetivos, melhor organização, maior orçamento e maior agilidade, que tenham presente o seu potencial e a sua utilidade económica, social e cultural.

Perceções erradas continuadas sobre algumas matérias da vida interna de alguns países são obstáculos que devem ser dispensados.

Escreve à segunda-feira