EUA. Foi você que pediu uma super terça-feira?

EUA. Foi você que pediu uma super terça-feira?


É hoje que as primárias norte-americanas ganham dimensão nacional. Hillary Clinton e Donald Trump esperam aumentar vantagens em dia que elege 865 delegados democratas e 595 republicanos


A Constituição dos Estados Unidos define que todas as eleições presidenciais se realizam na terça-feira que se segue à primeira segunda-feira de novembro. Só que todos os anos eleitorais têm uma super terça-feira – e não é essa.

A eleição presidencial decide-se num dia, e as primárias em cinco meses. E num país dado ao espetáculo, a alcunha acabou dada ao dia mais importante da maratona partidária. Hoje serão eleitos 24% dos delegados que decidirão o nome do candidato republicano e 18,1% dos democratas. E depois das entradas – Iowa, New Hampshire, Nevada, Carolina do Sul – chegou a hora dos pratos principais, com o Texas à cabeça.

Num ano em que os candidatos radicais começaram em grande – Donald Trump ameaçando acabar cedo com a corrida republicana, Bernie Sanders colocando em causa o favoritismo de Hillary Clinton -, é o dia ideal para se perceber quem tem condições de ir até ao fim. Até porque, se para ganhar o Iowa todos têm fundos e meios disponíveis, para fazer campanha em 13 estados simultaneamente já não é bem assim.

 E as sondagens indicam dois cenários diferentes: se tudo aponta para um alargar da vantagem de Trump, entre os democratas, Hillary parece pronta a descolar do único adversário. Os dois conseguiram vitórias robustas na Carolina do Sul e Nevada e lideram confortavelmente a maioria das sondagens que anteveem as votações de hoje.

Para Trump, a única preocupação representa um ótimo sinal: finalmente tornou-se o alvo a abater dos adversários republicanos, como ficou visível no último debate, em que foi ferozmente atacado por Ted Cruz e Marco Rubio. Este último, beneficiando do estatuto de candidato do aparelho – consolidado pelo abandono de Jeb Bush -, foi mesmo muito elogiado pelos ataques ao magnata, que acusou de ter contratado imigrantes ilegais para construir a Trump Tower de Manhattan. Durante a madrugada já se perceberá a reação do eleitorado.

Do outro lado, “o porta-aviões da campanha está prestes a virar-se para a eleição presidencial”, como anunciava ontem na CNN um assessor de Hillary. Depois do susto no Iowa e da derrota em New Hampshire, a favorita do campo democrata somou à vitória no Nevada uma categórica demonstração de força na Carolina do Sul, onde se consolidou como a candidata do voto afro-americano para bater Bernie Sanders com 73,5% dos votos. O facto de a maioria dos estados da super terça-feira serem a sul, onde está a grande proporção de voto negro, aumenta a euforia da antiga secretária de Estado.

Este resultado levou-a a centrar a mira em Donald Trump, e não em Sanders, no discurso de vitória: “Ao contrário do que ouvem dizer, não é necessário fazer da América grande outra vez. A América nunca deixou de ser grande”, disse em referência ao slogan de campanha do líder da corrida republicana.