Assaltantes da carrinha de valores despistam investigação

Assaltantes da carrinha de valores despistam investigação


Grupo que matou homem na A16 ainda não foi localizado. Cuidados dos assaltantes dificultam investigação


As últimas 48 horas contrariam os números avançados no último relatório anual de segurança interna, onde se concluía que os assaltos a carros de transporte de valores eram cada vez menos – uma diminuição de mais de 10% de 2013 para 2014. Em dois dias, só na região da Grande Lisboa, houve dois registos. No último, durante a manhã de ontem em Vialonga, os assaltantes levaram 75 mil euros, mas não fizeram feridos.

Segundo o i apurou, apesar de não haver semelhanças entre a violência do crime de ontem e a que foi empregada no domingo, em Lourel, as autoridades chegaram ainda a ponderar que os dois pudessem estar ligados. As dúvidas foram entretanto desfeitas. Uma fonte da Polícia Judiciária disse ao Público que não havia qualquer conexão: “Julgamos que não, pois a forma de atuação é diferente”.

Até à hora de fecho desta edição, a polícia não tinha ainda localizado os responsáveis por estes dois assaltos.

O caso de Vialonga Dois funcionários de uma empresa de transporte de valores foram surpreendidos perto das 11 horas de ontem quando carregavam um multibanco em Vialonga, Vila Franca de Xira, junto a um café. Os assaltantes – que segundo relatos fornecidos às autoridades seriam dois – exibiam armas de fogo e ameaçaram as vítimas sem que tivessem disparado para o ar como aconteceu no domingo em Lourel. Depois de lhes ser entregue os 75 mil euros, os dois homens fugiram num carro escuro.

Gangue de Sintra ainda em fuga Sintra e as áreas circundantes voltaram a estar ontem sob a atenção das autoridades. A investigação da Polícia Judiciária, em colaboração com a PSP e GNR, mantém em cima da mesa vários cenários, inclusivamente o de os assaltantes que no domingo mataram um homem na A16 ainda estarem naquela região.

O grupo – que teria entre quatro a sete elementos – bloqueou ao início da tarde uma carrinha de transporte de valores que se encontrava parada à porta de um supermercado em Lourel.

Puseram-se entretanto em fuga num Audi A3 de vidros fumados. Para trás ficava a carrinha, da mesma marca, usada para bloquear o carro de transporte de valores.

A fuga e o despiste Segundo fontes policiais, o Audi A3 afastou-se do local do crime a alta velocidade, tendo acabado por se despistar junto à autoestrada A16. Para não serem apanhados e dada a impossibilidade de continuarem a fuga com o carro sinistrado, os homens, encapuzados, deslocaram-se até àquela autoestrada e começaram a disparar contra os condutores que seguiam na estrada, para que estes parassem e lhes cedessem o carro. Terão conseguido roubar um Citroën C3. Antes, dispararam sobre um Mercedes, atingindo o condutor na perna.

A vítima mortal João Carlos tinha 50 anos e, depois de baleado, ainda conseguiu andar mais um quilómetro até que perdeu as forças e decidiu pedir ajuda junto às portagens de Algueirão-Mem Martins, dentro do carro estava a sua mulher e a filha de sete anos.

O empresário do ramo imobiliário ainda foi socorrido no local mas acabou por morrer antes de chegar ao Hospital de São Francisco Xavier.

Investigação dificultada Desde que foi confirmado que um homem foi baleado, a investigação passou a estar a cargo da Polícia Judiciária. Os inspetores já apreenderam o Audi A3 que foi usado na fuga do assalto, e a viatura que serviu para bloquear a carrinha de valores.

Segundo o JN, uma das hipóteses que está em cima da mesa é a de este grupo ter sido o responsável por um assalto idêntico em dezembro, na região de Cascais.

A investigação tem sido dificultada, nomeadamente no que refere à recolha de prova, pelo cuidado acrescido que os assaltantes tiveram. Um dos exemplos foi o uso de luvas, que impossibilita a recolha de impressões digitais.

carlos.santos@ionline.pt