A PàF morreu e a estratégia seguida nas últimas eleições pelo PSD e CDS tem os dias contados. Os dois partidos preparam o caminho para irem separados nas próximas eleições legislativas com o argumento de que é bom para ambos.
Assunção Cristas, candidata à liderança do CDS, foi a primeira a assumir, neste fim-de-semana, que “o CDS deverá ir sozinho às eleições legislativas”. Na moção que vai levar ao congresso, marcado para os dias 12 e 13 de março, em Gondomar, assume ter a pretensão de ser “a primeira escolha dos portugueses”.
Do lado do PSD, a declaração de Cristas é lida como “uma necessidade de afirmação” de quem está a candidatar-se à liderança, mas a estratégia não é muito diferente. Os sociais-democratas querem colar o CDS à direita e, aproveitando a aliança entre o PS e a esquerda, captar o eleitorado ao centro. “A ideia é que nós podemos crescer ao centro e eles podem crescer à direita. Cada um não precisa do outro para fazer esse caminho”, diz ao i um dirigente do PSD.
O deputado social-democrata Duarte Marques também defende que “o natural” é os dois partidos irem separados. “Cada um fará o seu caminho, o CDS cada vez mais à direita e nós cada vez mais ao centro.”
Passos Coelho nunca assumiu, porém, uma posição definitiva sobre a estratégia para as próximas legislativas. O PSD, que tem congresso marcado para o início de abril, prefere assumir uma posição mais cautelosa e nenhum elemento da direção quis comentar a posição adotada pela candidata à liderança dos centristas.
Assunção Cristas voltou a assumir ontem, em entrevista ao jornal “Público”, que “é importante para o centro-direita em Portugal que o CDS vá sozinho às legislativas”. A candidata à liderança do CDS não afasta, porém, a hipótese de a direita voltar a ser chamada a governar “dentro do atual quadro parlamentar”, no caso de “este governo, em dado momento, não correr bem”. Nesse cenário, acrescenta Cristas, “certamente teria de contar com algum apoio de um novo PS, mas com uma nova liderança”.
Passos preparado Confrontado com a hipótese colocada pela centrista, Passos Coelho rejeitou alinhar em especulações. “Não pondero nenhuma solução, nesta altura, que esteja relacionada com alguma crise que seja suscitada pelo facto de os partidos da maioria não se entenderem. A obrigação que eles têm é entenderem-se.”
O PSD não alinha, no entanto, em soluções para uma eventual crise política que não passem por convocar eleições antecipadas, apurou o i. O ex-primeiro-ministro reafirmou ontem, em Viana do Castelo, que “o PSD estará preparado para governar quando for caso disso”, mas este é o tempo em que “os partidos que apoiam o governo têm uma obrigação de criar condições de estabilidade para que o governo dure”.
Passos Coelho deverá ser reeleito para a liderança do partido no próximo dia 5 de março, em eleições diretas. É até agora o único que está nesta corrida e amanhã é o último dia para a apresentação de candidaturas. A moção de estratégia global de Passos Coelho será conhecida durante esta semana. A nova direção só será conhecida no congresso, que vai realizar-se em Espinho nos dias 1, 2 e 3 de abril, e esperam-se algumas mudanças na equipa de Passos, com a entrada de gente mais nova, como o ex-secretário de Estado António Leitão Amaro ou o deputado Miguel Morgado. A dúvida é se a renovação atingirá figuras com mais peso no partido, como Marco António Costa.