Surf. Uma pausa para Mick Fanning

Surf. Uma pausa para Mick Fanning


2015 foi um ano complicado para o australiano com a morte do irmão e o ataque do tubarão em J-Bay. Anunciou agora que vai competir em apenas três etapas no mundial de surf deste ano. Devido ao “vazio”.


Há momentos em que é preciso parar para recuperar e voltar em força. Limpar a cabeça e fortalecer o corpo. O surfista australiano Mick Fanning pegou nesta máxima e anunciou que em 2016 só irá participar em apenas três etapas no mundial de surf. A morte do seu irmão Peter e o ataque de um tubarão em 2015 durante a final do J-Bay Open, a sexta prova do circuito na África do Sul, são os motivos que o levam a tomar este decisão. “O ano passado foi definitivamente intenso.

O que aconteceu em J-Bay, estar na luta pelo título, a morte do meu irmão…Cheguei a um ponto em que me senti vazio. Não senti que tinha muito para dar”, disse citado pelo The Guardian.

O tricampeão mundial (2007, 2009, 2013) de 35 anos vai tirar assim “um ano pessoal” – e não o fim da sua carreira como se poderia pensar – para ganhar forças, e por agora vai competir em Snapper Rocks e em Bells. E depois? “Sinto que tenho que tirar um tempo para ver onde está a minha cabeça”, afirmou. Confirma porém que quer voltar a J-Bay, onde sobreviveu a um ataque de um tubarão, para “enfrentar algo que lá está”, garantindo que quer risca esse episódio traumático da sua vida.

A morte súbita do seu irmão de 43 anos durante a noite, o segundo, já que em 1998 perdeu outro num acidente de viação, foi-lhe anunciada em dezembro do ano passado durante as meias finais Pipe Masters no Havai, a última etapa para a conquista do título. Mesmo assim, Fanning competiu e bateu Kelly Slater após mais uma tragédia familiar, perdendo depois na final para o brasileiro Adriano de Souza, por muito pouco, um dia depois de saber da notícia.

As relações próximas que se criam no surf ficaram espelhadas pelo atleta do Brasil: “eu pensei que o Mick merecia mais que eu a meio da corrida pelo título. É um homem muito forte”, afirmou. Para o australiano, que faz do mar o seu trabalho, é uma prova de resistência para qualquer obstáculo: “nós podemos lidar com qualquer coisa” disse em entrevista ao jornal britânico.

E é mesmo assim para Mick. A história deste surfista tem sido feita de conquistas mas também de muitos percalços. Em 2004 teve uma lesão grave na coxa que o encaminhou para uma recuperação dolorosa. Seis anos depois, um dos seus amigos próximos Andy Irons morreu.

Mas deixa a garantia que não quer “virar as costas ao circuito”, por “já lhe ter dado tanto ao longo destes anos”. Quer qualificar-se para aquela que será a sua 16.º temporada, e enfrentar o perigo do mar outra vez.

jose.capucho@ionline.pt