Mercado livre não é centralismo político


A Europa vai estar em suspenso até 23 de junho, dia em que se sabe se o Reino Unido fica ou se vai embora da União Europeia. Há quem ache que os britânicos estão, uma vez mais, a desestabilizar a União e melhor seria que ficassem quietos. Talvez por serem mais concretas e possíveis, as…


Antes do mais, quero clarificar o seguinte: a única vantagem que vejo no euro, além de tornar desnecessário o câmbio entre moedas, é o não acreditar na capacidade dos nossos governos de gerirem o dinheiro dos contribuintes. O euro permite que as contas públicas portuguesas sejam supervisionadas na Europa, protegendo, na medida do possível, o cidadão comum dos compromissos ideológicos e económicos de quem nos governa.

O Reino Unido não precisa disso. E por isso tem a libra. Como também não exige à Europa que lhe pague os vícios. É olhando a questão nesta perspetiva que percebemos melhor a profundidade da democracia britânica. Não é apenas a realização do referendo, o debate que deste advém, que interessa. O que mais conta é a capacidade para o fazer. O Reino Unido precisa da Europa por razões de segurança, por motivos estratégicos e para que as suas empresas tenham acesso ao mercado europeu. O Reino Unido não precisa dos fundos europeus. Consegue ser governado sem supervisão. Por isso vota e espero que permaneça na União. Por isso é diferente da Grécia, e também de Portugal.

Advogado

Escreve à quinta-feira


Mercado livre não é centralismo político


A Europa vai estar em suspenso até 23 de junho, dia em que se sabe se o Reino Unido fica ou se vai embora da União Europeia. Há quem ache que os britânicos estão, uma vez mais, a desestabilizar a União e melhor seria que ficassem quietos. Talvez por serem mais concretas e possíveis, as…


Antes do mais, quero clarificar o seguinte: a única vantagem que vejo no euro, além de tornar desnecessário o câmbio entre moedas, é o não acreditar na capacidade dos nossos governos de gerirem o dinheiro dos contribuintes. O euro permite que as contas públicas portuguesas sejam supervisionadas na Europa, protegendo, na medida do possível, o cidadão comum dos compromissos ideológicos e económicos de quem nos governa.

O Reino Unido não precisa disso. E por isso tem a libra. Como também não exige à Europa que lhe pague os vícios. É olhando a questão nesta perspetiva que percebemos melhor a profundidade da democracia britânica. Não é apenas a realização do referendo, o debate que deste advém, que interessa. O que mais conta é a capacidade para o fazer. O Reino Unido precisa da Europa por razões de segurança, por motivos estratégicos e para que as suas empresas tenham acesso ao mercado europeu. O Reino Unido não precisa dos fundos europeus. Consegue ser governado sem supervisão. Por isso vota e espero que permaneça na União. Por isso é diferente da Grécia, e também de Portugal.

Advogado

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