Antes do mais, quero clarificar o seguinte: a única vantagem que vejo no euro, além de tornar desnecessário o câmbio entre moedas, é o não acreditar na capacidade dos nossos governos de gerirem o dinheiro dos contribuintes. O euro permite que as contas públicas portuguesas sejam supervisionadas na Europa, protegendo, na medida do possível, o cidadão comum dos compromissos ideológicos e económicos de quem nos governa.
O Reino Unido não precisa disso. E por isso tem a libra. Como também não exige à Europa que lhe pague os vícios. É olhando a questão nesta perspetiva que percebemos melhor a profundidade da democracia britânica. Não é apenas a realização do referendo, o debate que deste advém, que interessa. O que mais conta é a capacidade para o fazer. O Reino Unido precisa da Europa por razões de segurança, por motivos estratégicos e para que as suas empresas tenham acesso ao mercado europeu. O Reino Unido não precisa dos fundos europeus. Consegue ser governado sem supervisão. Por isso vota e espero que permaneça na União. Por isso é diferente da Grécia, e também de Portugal.
Advogado
Escreve à quinta-feira