Acordo entre PSOE e Ciudadanos já existe. Mas Espanha ainda está muito longe de ter governo.
O acordo, anunciado na terça-feira, foi assinado ontem pelos líderes do PSOE e Ciudadanos.
“Eu insisto neste acordo porque a única vitória política que existe é este acordo”, explicou Pedro Sánchez. “É um acordo aberto que não exclui ninguém e estende a mão à esquerda e à direita para que, juntos, possamos chegar a uma nova era no nosso país. E, acima de tudo, para que Espanha possa ter um governo na próxima semana”, acrescentou o líder do PSOE. “Cedemos para que ganhem todos os espanhóis”, disse. Contudo, nem todos são da mesma opinião de Sánchez.
O documento de 66 páginas, inclui medidas e decisões de ambas as partes, lideradas por Pedro Sánchez e Albert Rivera que concordaram em unir forças na votação da investidura. Para que o acordo fosse atingido, os dois partidos tiveram que fazer cedências. Neste momento, com o acordo, o PSOE consegue 130 votos a favor da investidura, ainda longe da maioria absoluta, de 162 lugares.
Sem o apoio do Podemos O Podemos recusou ontem o acordo para apoiar um governo juntamente com PSOE e Ciudadanos. “A indigitação de um governo só do PSOE não é compatível com o Podemos. Não vamos ser figurantes num acordo cosmético. O que hoje [ontem] se apresentou foi um acordo a pensar no PP”, anunciou ontem o número dois do partido, Íñigo Errejón. “Este acordo vai no sentido contrário ao que falámos na nossa mesa de negociação”, acrescentou.
Sem o apoio do Podemos, PSOE e Ciudadanos não podem concluir o acordo. E este não é o primero aviso de Iglesias. Mesmo antes de o acordo ter sido assinado, o líder do Podemos garantiu não colaborar. “Se [Sánchez] assinar um acordo de governo com o Ciudadanos, então terá escolhido a viagem com o PP”, avisou na terça-feira.
Rajoy confiante Para Rajoy, a sua oportunidade de poder formar governo há-de chegar. E para isso é necessário que Sánchez falhe.
Para Mariano Rajoy, líder do PP, é “pouco sério”que Sánchez e Rivera tenham chegado a um acordo e mostrou-se até bastante surpreendido com o “entusiasmo” do Ciudadanos em formar governo com o PSOE. “É um facto objetivo, não faço nenhum juízo de valor” em que o Ciudadanos “tenha optado por Pedro Sánchez”, disse Rajoy. “Contudo, este matrimónio de conviniência não é nem de investidura nem de governo”, acrescentou, uma vez que somados os votos, os dois partidos não conseguem formar governo. “Mas cada um faz com os seus votos o que quer”, disse ainda Rajoy.
O líder do PP confia que Pedro Sánchez não consiga a indigitação na próxima semana e pensa que é uma boa oportunidade para que o Rei Felipe VI lhe dê a oportunidade que deu ao líder do PSOE para formar governo. “O normal é que me permita ir à investidura”.
Rajoy, deixou ainda um aviso a Sánchez. “Terá que explicar que foi por sua culpa que teremos de repetir as eleições”.