Desde 2013 que a imprensa de Angola noticia as ligações de Orlando Figueira a interesses daquele país. Em março desse ano, o semanário “Novo Jornal” deu conta de que a contratação do procurador pelo BCP tinha como partes interessadas Carlos Silva e o Banco Privado Atlântico (BPA). Lembrava ainda que o procurador tinha estado à frente de inquéritos como o Banif Angola e o BESA, e que, depois disso, saíra para o BCP de que é acionista a Sonangol. A notícia – que fez capa com o título “Presos por interesses”, ilustrada com uma fotografia do magistrado e outra de Carlos Silva – citava ainda informações avançadas pelo “Expresso”.
O “Novo Jornal” esquematizava ainda uma rede de ligações a Carlos Silva, ao BPA e à Sonangol que teria como quartel general o edifício Amoreiras Square, em Lisboa. No mês seguinte, o mesmo jornal voltava à carga com o assunto, desta vez com a viagem de Orlando Figueira a Angola, por altura do 30º aniversário do Ministério Público daquele país. O semanário noticiou que a deslocação, em finais de abril de 2011, aconteceu quando Orlando Figueira ainda era procurador do DCIAP. E que – apesar de paga pela PGR daquele país – permitiu uma agenda paralela, que passou até por encontros com Carlos Silva, referido na notícia como o homem que viria a ser “seu patrão”.
Sobrinho arguido Após essa viagem – que foi acompanhada por outro procurador português e pelo advogado do Estado angolano Paulo Blanco –, Orlando Figueira ainda continuou no DCIAP mais de um ano. Em novembro de 2011, aliás, constituiu arguido Álvaro Sobrinho e promoveu o arresto de bens do então presidente do BESA em Portugal.
Em abril de 2013, outro semanário angolano, o “Agora” noticiou ligações entre Carlos Silva e Figueira. Nessas notícias era revelado ainda que Ricardo Salgado teria assegurado num jantar na sede do BESA, em Luanda, que não partira da sua cabeça o afastamento de angolanos deste banco, mas sim de orientações de Leopoldino Nascimento e Manuel Vicente.