Estaremos condenados aos ciclos repetitivos da vida, conforme afirmou Nietzsche?
Estaremos irremediavelmente enredados num número limitado de factos que já se repetiram no passado?
Será que se confirma aquele que o próprio filósofo considerou o seu “pensamento mais profundo e aterrorizador”?
Perdoem-me esta incursão pela filosofia, mas os acontecimentos de todos os dias apontam para a inevitabilidade de um eterno retorno.
Vivemos de crise em crise, com intervalos de períodos de euforia. Saímos de um para mergulharmos noutro, repetindo erros e reagindo de forma igual aos mesmos impulsos.
Assistimos com a mesma passividade do passado aos mesmos desgovernos que, por sua vez, se repetem em decisões que já foram erradas noutros tempos.
Todos já sentimos, certamente, a sensação dos ratinhos a andarem na roda sem saírem do mesmo sítio.
O pensamento de Nietzsche não é, no entanto, pessimista. Para ele, “os homens não têm de fugir à vida, como os pessimistas, mas como alegres convivas de um banquete, que desejam as suas taças novamente cheias, dirão à vida: uma vez mais!”.
De facto, se fizermos o melhor possível da nossa vida e do nosso relacionamento com os outros, não há que temer o inevitável retorno.
Tenhamos então esperança nas repetições que aí vêm.
Escreve à segunda-feira