Não é segredo nenhum que este governo visa favorecer a parte da população que constitui o seu eleitorado preferencial. Não interessa com que consequências. Tal como não interessa também que quem beneficia, a curto prazo, destas medidas saiba que, a médio e longo prazo, vai perder. Vivemos numa sociedade em que, embora as políticas sejam apresentadas como benéficas para o coletivo, a maioria das pessoas pensa individualmente. Pensa, antes de mais nada, em si. No seu interesse imediato.
Assim é porque a democracia socialista visa a compra do voto. A vontade da maioria pode ser distorcida se depender do poder político. Pode ser e assim é. E porque assim é é que estamos assim: há 15 anos neste impasse. Com um senão: a cada ano que passa ficamos mais pobres. O leitor já terá reparado que, se no passado os governantes falavam do efeito (falso, é verdade, mas falavam) multiplicador do investimento público, agora ficam-se pelo efeito multiplicador da reversão dos cortes salariais. Não há dinheiro para mais, embora nos queiram fazer crer que sim e nos tentem comprar com o pouco que resta. O que agora se considera normal, antes, tinha um nome.
Advogado. Escreve à quinta-feira