Ainda a bola não tinha começado a rolar no relvado do Signal Iduna Park e o FC Porto já tinha levado a maior parte dos elementos da equipa técnica do Dortmund a coçar a cabeça. Silvestre Varela a lateral direito? José Ángel na esquerda? E Layún a formar a dupla de centrais na defesa?
Sim, José Peseiro arriscou, mas também não tinha outra solução com Maxi Pereira castigado e Marcano ainda a recuperar de lesão. As surpresas não ficaram por aqui: André André entregou a titularidade no meio campo a Sérgio Oliveira e mais à frente, no ataque, Marega deixou Corona no banco de suplentes. O pior veio depois.
Ergue-se a famosa ‘muralha amarela’ nas bancadas. Soa o apito inicial e o 2.º classificado da Bundesliga atira-se ao ataque. Ainda o cronómetro não tinha chegado aos 2 minutos de jogo e já Mkhitaryan havia enviado o primeiro aviso à baliza dos dragões. Cinco minutos depois, Lukasz Piszczek atirou o pimeiro foguete na estreia de Iker Casillas na Liga Europa (aos 34 anos). Após um canto na esquerda, o lateral polaco rematou sem oposição para a defesa do guardião espanhol, mas na recarga, de cabeça, não falhou – desde abril de 2014 que o FC Porto não sofria um golo europeu tão madrugador (derrota em Sevilha por 4-1).
Com 7 dos 11 titulares a estrearem-se nestas andanças (Casillas, Indi, Ángel, Layún, Rúben Neves, Aboubakar e Marega), os azuis e brancos sentiram muitas dificuldades em reagir à desvantagem. Só mesmo já perto do intervalo – Sérgio Oliveira apontou o único remate do 1.º tempo aos 34’ – o FC Porto conseguiu equilibrar a balança. Muito por culpa de Peseiro, que passou praticamente 45’ a dar instruções aos seus jogadores.
O cenário tinha tons de cinzento: sempre que os dragões saíram em desvantagem ao intervalo esta época acabaram por perder (Feirense, V. Guimarães, Sporting e Chelsea). Frente ao Dortmund, não foi exceção. Os alemães nunca precisaram de meter o pé no acelerador (optaram por gerir o jogo), mas quando o faziam criavam muitos calafrios à defesa remendada do FC Porto.
Como aos 71’, quando Reus, após uma jogada combinada, igualou Lewandowski (hoje no Bayern) como o melhor marcador dos alemães nas competições europeias (18 golos). A resposta nunca surgiu. O único lance de perigo da equipa de Peseiro só chegou aos 89’, quando o remate do recém-entrado Suk, já dentro da área, foi defendido pelo peito do guardião adversário.
O apito final acabou por confirmar a tendência: o FC Porto continua sem vencer na Alemanha (3 derrotas e 1 empate) e o Dortmund continua sem perder frente a equipas portuguesas (4 triunfos). Com uma desvantagem de dois golos no marcador (2-0), Peseiro faz contas à vida: os dragões precisam de marcar três golos e não sofrer nenhum no Dragão, na segunda mão (25 de fevereiro). É a única forma de garantir um bilhete para os oitavos da Liga Europa.