Arménio Carlos assume combate contra Bruxelas como missão da CGTP

Arménio Carlos assume combate contra Bruxelas como missão da CGTP


Central sindical elege soberanismo como prioridade e avisa que governo de Costa não contará com uma CGTP paralisada.


A CGTP assume que os próximos anos de luta sindical terão como alvo Bruxelas. Na apresentação do XIII Congresso, Arménio Carlos foi claro: “A soberania é um dos elementos estruturais que precisam de ser salvaguardados.” E para justificar a necessidade de uma postura nacionalista, deu como exemplo o processo de negociação do Orçamento do Estado com a Comissão Europeia, marcado por “pressões, chantagens e ingerência externa”.

O líder da CGTP considera que o governo do PS apoiado pelos partidos de esquerda constitui “um quadro político aliciante” que comporta “desafios maiores” e exige aos sindicatos que sejam “mais criativos”. ACGTP propõe para os próximos quatro anos “uma política de esquerda e soberana”. Quanto a António Costa, pode esperar uma central sindical tão ativa como sempre. Os horizontes da CGTP “não passam por uma expetativa paralisante” e este é o momento de mostrar um movimento sindical “reivindicativo, afirmativo e proponente” – vincou aos jornalistas, na apresentação das linhas de força do congresso marcado para 26 e 27 de fevereiro.

O local do conclave – o pavilhão de Almada – é bem maior do que o do último congresso (o auditório da antiga FIL), realizado em 2012, quando Passos Coelho era primeiro-ministro e o país estava sob intervenção da troika. Agora há um governo que está a reverter as medidas de austeridade, num “processo que está a ter resultados para os trabalhadores”, admite o líder da CGTP. Mas apesar de os tempos correrem de feição, a central sindical entende ter chegado a altura de fazer uma demonstração de força.

“É um tributo o facto de irmos para Almada, é um reconhecimento do papel dos trabalhadores”, explica o líder sindical, que “fizeram greves sem ter dinheiro”, sacrificando-se por isso. A luta deu resultados, é o balanço que a CGTP fará no congresso. E quer “assegurar um número maior de trabalhadores e de convidados” nos dois dias de trabalhos. Em Almada estarão 730 delegados e 1500 convidados.

Um dia antes do arranque dos trabalhos realiza-se uma conferência internacional. OTratado Transatlântico (TIIP), visto como “uma tentativa de sobrepor os interesses económicos aos direitos sociais” na União Europeia, vai estar no centro dos trabalhos.

CONCERTAÇÃO EM BAIXA

Num momento de estabelecer prioridades, o líder da CGTP é claro sobre o lugar da concertação social. Reagindo a declarações de Passos Coelho em que o ex--primeiro-ministro acusava a CGTP de diminuir o papel da concertação, Arménio Carlos declarou: “A concertação social não pode ser considerada um espaço sacrossanto para a negociação e o diálogo.” Segundo o líder sindical, Passos quer “condicionar” a reposição de direitos, que agora é decidida no parlamento, “procurando centralizar toda a discussão na concertação social, para que os problemas não sejam resolvidos”. 
Manuel Agostinho Magalhães