Sócrates. Relação indefere nulidades invocadas pela defesa

Sócrates. Relação indefere nulidades invocadas pela defesa


Não podendo recorrer de acórdão da Relação sobre manutenção de prisão preventiva, defesa disse que este tinha nulidades.


O Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) decidiu ontem que a defesa de José Sócrates não tem razão para invocar nulidades no acórdão daquele tribunal que confirmou a decisão do juiz Carlos Alexandre em manter o ex-primeiro-ministro na cadeia de Évora, depois de este recusar o uso de pulseira eletrónica. A informação foi confirmada ao i por fonte daquele tribunal.

Os advogados João Araújo e Pedro Delille recorreram da decisão de junho do Tribunal Central de Instrução Criminal por considerarem que a recusa em ir para casa com pulseira não deveria ser fator suficiente para manter o arguido em prisão preventiva.

A decisão só foi conhecida há cerca de três semanas: os desembargadores Simões de Carvalho (relator) e Margarida Bacelar concluíram que a decisão do juiz de instrução criminal estava correta e, na impossibilidade de recorrer para o Supremo Tribunal de Justiça, a defesa optou por arguir nulidades no acórdão proferido.

Foi na resposta a essa iniciativa dos advogados de José Sócrates que os mesmos desembargadores decidiram ontem, considerando não terem existido quaisquer nulidades.

A recusa da pulseira Em junho do ano passado, Sócrates teve uma oportunidade para deixar a prisão de Évora. Rosário Teixeira propôs – e Carlos Alexandre validou essa hipótese – que o antigo primeiro-ministro passasse a prisão domiciliária. Sócrates recusou: não admitia usar uma “anilha”, o termo que usou para referir-se à pulseira eletrónica.

Nessa altura, o socialista estava há seis meses e meio em prisão preventiva. Foi detido em Novembro de 2014, ainda na manga do avião, quando chegava a Lisboa vindo de Paris. Era o principal suspeito da “Operação Marquês”, que nos dias anteriores já tinha levado à detenção do advogado Gonçalo Trindade Ferreira e do ex-motorista de Sócrates, João Perna. Também o empresário Carlos Santos Silva, seu amigo de décadas e tido como o fiel depositário de cerca de 20 milhões de euros que o Ministério Público acredita pertencerem a José Sócrates, tinha sido detido.

Segundo a tese da acusação, esse dinheiro foi entregue a José Sócrates por atos de corrupção que terão beneficiado o grupo Lena, de que Santos Silva era administrador. Além da corrupção, Sócrates também é suspeito da prática dos crimes de tráfico de influências, fraude fiscal e branqueamento de capitais.