Assalto ao Santa Maria. Golpe contra Salazar foi há 55 anos

Assalto ao Santa Maria. Golpe contra Salazar foi há 55 anos


Os três primeiros meses de 1961 marcaram o início do fim do Estado Novo. 


Um grupo chefiado por Henrique Galvão assaltou o navio português em janeiro, no dia 4 de fevereiro deu-se a primeira revolta em Luanda e a UPA massacra brancos em Angola em março.

O ano de 1961 foi verdadeiramente dramático para o regime salazarista. Logo em janeiro, mais precisamente no dia 22, um grupo de homens armados assaltou o paquete Santa Maria em águas venezuelanas. Foi o primeiro sequestro de um navio por razões políticas. O líder do grupo, Henrique Galvão, era um velho conhecido das autoridades portuguesas. Militar, não se conformava com os métodos da oposição ao regime. No seu grupo de portugueses e espanhóis estava Camilo Mortágua, futuro dirigente da LUAR de Palma Inácio. No assalto morreu o terceiro oficial do navio e outros tripulantes ficaram gravemente feridos. O plano de Galvão passava por levar o navio para Angola para desencadear uma revolta contra Lisboa a partir de Luanda. Mas os planos saíram gorados. As marinhas dos Estados Unidos e do Reino Unido perseguiram o navio e o Santa Maria acabou por rumar ao Recife, onde chegou no dia 2 de fevereiro. Dois dias antes tinha tomado posse como presidente do Brasil Jânio Quadros, que concedeu de imediato asilo político a Henrique Galvão e ao seu grupo. O Santa Maria fez-se ao mar no dia 7 para regressar a Lisboa. A chegada ao cais de Alcântara aconteceu no dia 16 e Salazar foi pessoalmente receber o navio, com uma multidão convocada por todos os meios de comunicação a completar uma festa bem amarga de boas-vindas.

Entre o sequestro do Santa Maria e o seu regresso a Lisboa já tinha ocorrido o 4 de fevereiro em Luanda, o pontapé de saída para uma guerra colonial de 13 anos que foi fatal para o Estado Novo. Mas se o regime enfrentava a resistência em Angola e as ações revolucionárias em Portugal, Salazar também teve de lidar com uma séria tentativa de golpe de Estado feita a partir do interior do regime, apoiada expressamente pelos Estados Unidos, com o presidente John F. Kennedy firmemente disposto a acabar com o colonialismo português e o regime salazarista.