No início da semana a atriz Julie Bowen – a Claire de “Uma Família Muito Moderna” – contou no programa de EllenDegeneres pormenores da festa de casamento da colega Sofia Vergara com Joe Manganiello, em novembro do ano passado. “Quem já esteve alguma vez num evento da Sofia, sabe que as festas duram três dias. É insano”, partilhou a atriz. “É como se estivéssemos num comboio em festa. Saltamos lá para dentro, bebemos e dançamos e depois saltamos fora, porque é impossível ficar lá dentro estes tempo todo”. Mas a forma como a noiva ‘manteve’ os convidados em modo on durante os três dias teve vastas repercussões nos media.
Soro na zona da piscina “Eles tinham uma pequena ambulância no jardim com um posto de reidratação endovenosa para os convidados”, contou Julie a rir. “Quando vi uma pessoa a receber soro pensei que alguém tinha tido um ataque cardíaco, porque o carro de primeiros socorros estava parado perto da área da piscina, onde estão os bungallows. Mas, afinal, eram as pessoas a reidratar-se enquanto bebiam um expresso. Aparentemente, não há nada que se possa fazer em três dias que não possa ser refeito com algum soro!”, concluiu, sobre o olhar jocoso e incrédulo da apresentadora que, apesar de ter sido convidada, não conseguiu estar presente.
A revelação foi amplamente replicada nos media, não apenas pela fama dos noivos, mas pela extragavância da atitude.
Se noutros noivados de Hollywood o que ficou para a história foram coisas tão inócuas como os vestidos ou a quantidade de flores, deste casamento o que a (curta) memória coletiva irá guardar é o facto de Sofia Vergara, 43 anos, e Joe Manganiello, 39, terem posto, basicamente, os convidados a soro.
Extravagância sem data O casalinho Vergara-Manganiello, além de fisicamente dotado, está agora carimbado com o arquétipo de ‘gandas malucos’.
Mas o deus Baco, para os romanos, Dionísio, para os gregos, já era venerado por devotíssimos praticantes em festins na história da Antiguidade e que quase colocam estas festas que são agora notícia ao nível de principiantes. Os romanos ficaram inclusivamente conhecidos não por se reidratarem a soro, mas por dotarem os seus complexos sociais – teatros, circos, arenas – com vomitoria. Tal como o nome indica, falamos de vomitórios, ou seja, locais onde as pessoas podiam vomitar todas as comidas e bebidas que tinham ingerido para continuar o regabofe.
Os vikings (século XVIII) ficaram famosos pelas grandes quantidades de cerveja e hidromel que ingeriam, usando chifres que podiam ser mais ou menos ornamentados – foi a descoberta destas peças que criou o mito de que este povo usava capacetes com chifres. E não era festa digna desse nome se todos os convivas não ficassem embriagados.
Também a história da cultura indígena no Brasil ou da Guiné Bolama, por exemplo, está pejada de relatos relacionadas não apenas com o gosto de beber, mas de verdadeira dependência do álcool. Podíamos continuar com os exemplos. Beber – muito, em certas ocasiões – faz parte da esmagadora maioria das tradições culturais de cada povo. E continua a acontecer, de forma mais ou menos intensa, em cada geração.
Álcool para os olhos Se, para alguns, beber é motivo de saudável convívio, para outros ficar bêbado é apenas um fim.
Falamos principalmente da fase da adolescência nas culturas ocidentais, em que atingir rapidamente um estado alcoólico é quase um levado como um desafio, pelo que os jovens procuram formas de apressar a situação. Beber diversos tipos de bebidas com um alto teor alcoólico, usar funis para beber, por exemplo, cerveja mais rapidamente são alguns dos exemplos. Mas há outras vias mais extremas. Inserir tampões embebidos em vodka no ânus ou na vagina (prática alegadamente inventada na Finlândia em 1999), ‘esguichar’ bebidas para os olhos onde o álcool entra mais rapidamente na circulação sanguínea, beber pelo nariz, injetar álcool ou consumir bebidas usando inaladores, como as bombas para o asma, em que o álcool passa diretamente para os pulmões, são algumas das invenções das últimas décadas. Escusado será dizer que qualquer um destes comportamentos não é apenas estúpido como perigosíssimo.
O que pode provocar O soro pode ajudar a reidratar no caso de consumo de excesso de álcool, sendo o tratamento mais usado nos comas alcoólicos, mas não apaga outras marcas.
No caso das vias atrás descritas para apressar uma bebedeira, há risco de cegueira, inflamações e infeções na zona vaginal, sangramento e infeção da mucosa nasal e graves problemas nos alvéolos pulmonares. Isto para não falar de todos os problemas inerentes ao consumo excessivo de álcool: hepatite, gastrite, úlceras, problemas cardíacos, danos cerebrais irreversíveis, cancro na faringe, esófago e todos os órgãos mais expostos a este vício, etc.
Portanto, caso beba, faça-o pela via normal. A lista de contras deve ser suficiente para que o consumo excessivo seja uma exceção e fique mesmo guardado para as grandes celebrações.
Mas quem avisa, seu amigo é: ter uma dose de soro à disposição, enquanto observa a piscina e espera que a ressaca passe está reservado a uma classe… vergariana.