Belém. Presidente Marcelo promete gastar menos do que Cavaco

Belém. Presidente Marcelo promete gastar menos do que Cavaco


A Presidência será “frugal”. Marcelo está a dar ordens para poupar em pessoal de apoio, viagens, carros e segurança


Depois de ter feito a campanha vencedora mais barata da história das presidenciais, Marcelo Rebelo de Sousa promete ser também muito mais poupado do que os seus antecessores. As ordens no gabinete que está a formar são para “gastar menos do que Cavaco”, apesar de ter para este ano um orçamento bem mais gordo que o do Presidente ainda em funções.

O Orçamento do Estado para 2016, desenhado por Mário Centeno, dá à Presidência da República 16,3 milhões de euros – mais 1,6 milhões do que Cavaco Silva teve para gerir Belém em 2015. Mas Marcelo está apostado em gastar o menos possível.

“Vamos gastar menos em viagens, carros, segurança e pessoal de apoio do que o atual Presidente”, garante ao i fonte próxima de Marcelo Rebelo de Sousa, explicando que essa será uma das marcas do Presidente eleito em Belém.

A promessa de “frugalidade” ficou, de resto, feita na apresentação da sua candidatura, na Voz do Operário, em Lisboa, quando Rebelo de Sousa garantiu que abdicará de quaisquer regalias que o cargo lhe possa trazer quando deixar de ser Presidente.

“Os primeiros Presidentes da República entravam e saíam dos cargos discretamente, desempenhando-os com uma frugalidade e reserva assinaláveis. Claro que hoje muito mudou, o papel presidencial é muito mais vasto e o seu estatuto mais complexo, mas recuperar um pouco desse espírito de moderação, singeleza e frugalidade de há um século talvez seja positivo, sobretudo em tempos de sofrimento para muitos portugueses”, disse na altura.

Agora, numa altura em que está a formar o gabinete, Marcelo quer já dar um sinal de contenção nas despesas.

Marcelo low-cost A campanha para Belém já tinha dado mostras de como Rebelo de Sousa queria marcar a diferença gastando pouco. Muito pouco. Enquanto, em 2011, Cavaco Silva gastou quase 1,8 milhões de euros para ser reeleito, Rebelo de Sousa fez um orçamento de 150 mil euros para esta campanha, mas garante ter gastado ainda menos.

Marcelo gastou tão pouco que, dividindo o número de votos pelo dinheiro que gastou, não dá sequer para comprar um rebuçado. São apenas 0,06 euros investidos para ganhar um voto – um número impressionantemente baixo que os mais críticos dizem ter sido conseguido apenas à custa da imensa notoriedade que lhe valeram 15 anos de comentários televisivos, mas que Marcelo gosta de exibir como uma forma diferente de estar na política. “Eu conheço muitos candidatos com notoriedade muito elevada que, no entanto, tiveram campanhas dispendiosas ao longo da vida, quer em campanhas legislativas, quer em campanhas presidenciais. E eram muito conhecidos, muito, muito conhecidos – tinham décadas de experiência política e de notoriedade pública e de exercício de cargos públicos”, disse quando apresentou a sua sede de campanha, recusando citar nomes, numa alusão que é facilmente colável a Cavaco Silva.

Quanto custa Cavaco? Fonte próxima de Marcelo sublinha que o Presidente eleito não “deu qualquer contributo” para o Orçamento de 2016, pelo que é completamente alheio a este aumento de 10,8% na dotação orçamental para Belém.

De resto, uma parte do valor atribuído à Presidência da República servirá para pagar as subvenções e os gabinetes dos antecessores de Marcelo no cargo. Cavaco Silva já entrará para o rol destes encargos, uma vez que a partir do dia 9 de março terá direito a um gabinete de apoio com um assessor, um secretário, um funcionário da Secretaria-Geral da Presidência, automóvel, motorista e combustível pagos pelo Estado. Cavaco terá ainda direito a uma subvenção vitalícia como ex-Presidente.

Mas fonte de Belém diz não saber ao certo quanto poderão pesar estas regalias no orçamento da Presidência da República para 2016. “O Orçamento ainda não foi sequer aprovado”, recorda a mesma fonte, explicando que isso faz com que não seja possível aceder aos mapas com as despesas discriminadas por rubricas.

De acordo com o Orçamento para 2015, os ex-Presidentes da República Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio custam aos cofres do Estado quase 300 mil euros por ano, depois de somadas as suas subvenções, gabinetes e outras ajudas a que têm direito, por exemplo em deslocações oficiais.