35 horas. “Não haverá custos na maior parte dos serviços”

35 horas. “Não haverá custos na maior parte dos serviços”


PS convicto de que medida não terá custos na generalidade dos serviços da administração pública. Reposição será feita de forma gradual


O PS garante que antes de o ano terminar todos os funcionários públicos estarão a trabalhar 35 horas por semana e que, na generalidade da administração pública, a redução do horário de trabalho dos funcionários públicos não terá custos. A medida será aplicada de forma gradual a partir do dia 1 de julho, garantiu ontem o secretário de Estado do Orçamento, João Leão.

O coordenador do PS na comissão do Trabalho e Segurança Social, Tiago Barbosa Ribeiro, garante ao i que a lei entrará em vigor no início do verão. “Se for possível antes, melhor. Depois é que não será. Será no dia 1 de julho. É esse o compromisso, não há discussão”, diz o deputado socialista.

A partir desta data, de acordo com o projeto do PS, o governo terá o prazo de 90 dias para “regulamentar os procedimentos necessários à aplicação do período normal de trabalho”, o que fará com que, na prática, os trabalhadores da administração pública regressem às 35 horas semanais entre julho e outubro. A novidade é que a reposição não será aplicada a todos os funcionários públicos ao mesmo tempo. O secretário de Estado do Orçamento, João Leão, disse ontem em declarações à agência Lusa que a intenção é implementar a medida de “forma gradual” a partir do dia 1 de julho, para garantir que “não há perturbação ao nível dos serviços e que não há acréscimo de custos”. João Leão justificou que a reposição das 35 horas “tem impactos que podem ser diferenciados” e “terão de se encontrar compensações ao nível de outros serviços, face aos que terão necessidade de acréscimo de custos”.

Ao i, o deputado socialista Tiago Barbosa Ribeiro admite que a reposição das 35 horas poderá avançar “em tempos diferentes, mas estamos a falar de uma diferença de algumas semanas. Não estamos a falar de meses ou de anos”.

O governo está a fazer um levantamento para avaliar os custos da reposição das 35 horas de trabalho e o ministro das Finanças, Mário Centeno, já garantiu que “o custo global tem de ser nulo”. Tiago Barbosa Ribeiro está, porém, convicto de que o fim das 40 horas não aumentará a despesa. “Com uma boa gestão não haverá custos na maior parte dos sítios.” O setor da saúde é um dos mais problemáticos, porque tem muito trabalho por turnos. O ministro já admitiu que “nalgumas instituições haja necessidade de fazer recrutamento, nomeadamente de enfermeiros. Os funcionários públicos passaram a trabalhar 40 horas a partir de outubro de 2013, mas não há nenhum dado oficial sobre as poupanças que foram conseguidas com esta alteração.

A reposição das 35 horas está a provocar ruído no interior do governo. Mário Centeno admitiu em entrevista ao “Expresso” que não estava em condições de garantir que a medida entrasse em vigor ainda este ano. António Costa, umas horas depois, garantiu que “as 35 horas entrarão em vigor no próximo dia 1 de julho”.

A Assembleia da República já aprovou na generalidade os projetos do PS, Bloco de Esquerda, PCP e PEV. A partir desta quinta-feira, os deputados vão começar a ouvir os sindicatos e as associações de freguesias e de municípios. Ao todo estão agendadas 20 audições.