Às vezes, como deduzo de exemplos de grandes obras assinadas por este grande nome da arquitetura mundial, um dos nossos prémios Pritzker e Leão de Ouro da própria Bienal de Veneza, entre outros títulos, os projetos sociais demoram a concluir-se – Bairro da Bouça, no Porto, projeto da ilha da Giudecca, em Veneza –, mas encerram sempre a capacidade de oferecer às pessoas a interligação, hoje fundamental, entre gente de origem diferente.
A arquitetura é uma das artes que maior capacidade tem de antever e idealizar a solução desejável de qualquer projeto imobiliário, solução muitas vezes avançada antes do momento certo. Esta capacidade de identificar e perceber o momento do nosso imobiliário é tarefa que compete muito mais aos profissionais do próprio setor, nomeadamente aos que, como eu, têm o dever de aproximar, nesta área, a oferta da procura.
Ainda há dias, na assembleia-
-geral da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) que discutiu e votou o orçamento da mesma para 2016, tive oportunidade de me referir à importância de se perceber o momento do nosso imobiliário, dando continuidade ao trabalho que muitos outros grandes profissionais, entre os quais, naturalmente, os arquitetos, desenvolvem seriamente.
Todos nós temos obrigação de contribuir, com a lucidez que a vida e os negócios exigem, para fazer de Portugal um país capaz de gerar mais riqueza e de a distribuir de forma equilibrada e duradoura por muito mais gente. Todos nós, incluindo aqueles que escolheram o setor imobiliário para trabalhar, acreditando que ele se impõe como um dos mais importantes na frente do crescimento e do desenvolvimento económicos.
É neste ponto que a capacidade de se perceber, a cada momento, que momento vive o nosso imobiliário se torna vital. Muito mais nos tempos que vivemos, em que ainda há campo de manobra para desenvolver trabalho necessário neste setor e, pela realidade que temos vindo a testemunhar, o próprio imobiliário renasce, fazendo renascer as cidades onde volta a marcar terreno, e oferece-se como porto seguro para investimentos legítimos e seguros.
No dia em que a assembleia-geral da APEMIP se realizou, em instalações da Avenida da Liberdade, em Lisboa, alguns acessos a esta mesma avenida estiveram interrompidos por força de uma manifestação de clientes de uma instituição bancária que, com alguma regularidade, têm vindo a mostrar-se descontentes e se sentem lesados nos seus direitos de clientes que perderam investimentos que não contavam perder.
Esta realidade é outra face da análise que todos temos de fazer para bem percebermos, a cada momento, o momento do nosso imobiliário. No que aos profissionais e às empresas que represento neste setor diz respeito, com o reconhecido contributo que temos vindo a desenvolver, a defesa do setor e deste momento em particular, como um momento propício a novos sonhos de crescimento e desenvolvimento, nunca esteve tão claramente evidente.
Presidente da CIMLOP –Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa