A pátria


O patriotismo entrou, na passada semana, no discurso político, a propósito da “aprovação” do Orçamento do Estado português pelas autoridades de Bruxelas.


Um dirigente socialista acusou a oposição de falta de patriotismo, alegando que as críticas ao Orçamento prejudicariam a análise e, sobretudo, o veredicto da Comissão Europeia.

Depois, o primeiro-ministro de Portugal teve de ouvir da chanceler alemã – ela sim, a verdadeira “dona disto tudo” – elogios rasgados ao anterior primeiro-ministro, numa espécie de aula de “boas
práticas”.

O patriotismo é, por definição, um amor desinteressado e permanente pela comunidade de cidadãos que constitui a pátria.

Não resisti a folhear o livro “Pátria”, de Guerra Junqueiro, escrito em 1896, há exatamente 120 anos, na sequência do ultimato inglês.

Vou, então, partilhar dois excertos do texto, que Guerra Junqueiro parece dedicar a “um povo resignado e dois partidos sem ideias”.

Aqui vai o primeiro:

“Liberdade absoluta, neutralizada por uma desigualdade revoltante, o direito garantido virtualmente na lei, posto, de facto, à mercê dum compadrio de batoteiros, sendo vedado, ainda aos mais orgulhosos e mais fortes, abrir caminho nesta porcaria, sem recorrer à influência tirânica e degradante de qualquer dos bandos partidários.”

E mais este:

“A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.”

Será ainda da mesma pátria que estamos hoje a falar?

Escreve à segunda-feira


A pátria


O patriotismo entrou, na passada semana, no discurso político, a propósito da “aprovação” do Orçamento do Estado português pelas autoridades de Bruxelas.


Um dirigente socialista acusou a oposição de falta de patriotismo, alegando que as críticas ao Orçamento prejudicariam a análise e, sobretudo, o veredicto da Comissão Europeia.

Depois, o primeiro-ministro de Portugal teve de ouvir da chanceler alemã – ela sim, a verdadeira “dona disto tudo” – elogios rasgados ao anterior primeiro-ministro, numa espécie de aula de “boas
práticas”.

O patriotismo é, por definição, um amor desinteressado e permanente pela comunidade de cidadãos que constitui a pátria.

Não resisti a folhear o livro “Pátria”, de Guerra Junqueiro, escrito em 1896, há exatamente 120 anos, na sequência do ultimato inglês.

Vou, então, partilhar dois excertos do texto, que Guerra Junqueiro parece dedicar a “um povo resignado e dois partidos sem ideias”.

Aqui vai o primeiro:

“Liberdade absoluta, neutralizada por uma desigualdade revoltante, o direito garantido virtualmente na lei, posto, de facto, à mercê dum compadrio de batoteiros, sendo vedado, ainda aos mais orgulhosos e mais fortes, abrir caminho nesta porcaria, sem recorrer à influência tirânica e degradante de qualquer dos bandos partidários.”

E mais este:

“A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.”

Será ainda da mesma pátria que estamos hoje a falar?

Escreve à segunda-feira