Questionada pelos jornalistas portugueses sobre se estará disposta a ser mais flexível com Portugal, Angela Merkel não deixou antever qualquer abertura, remetendo a resposta para as regras europeias e para a Comissão Europeia. “Temos o pacto de estabilidade, que todos nós aceitámos, que contem critérios de flexibilização, mas também regras claras”, lembrou a chanceler alemã, que aconselha a “esperar pelo que a Comissão vai dizer” sobre o Orçamento do Estado português para 2016.
Cautelosa, Merkel não se quis pronunciar sobre o documento, mas não deixou de fazer um elogio implícito a Passos Coelho, destacando os “enormes resultados” obtidos pelo anterior Governo em matéria de finanças públicas e insistindo na necessidade de continuar o caminho feito.
António Costa preferiu, contudo, lembrar que a Alemanha é apenas um dos estados que fazem parte da União Europeia, desvalorizando na resposta aos jornalistas o papel central de Berlim na avaliação da aplicação das regras do Tratado Orçamental. E desdramatizou o clima tenso que se tem vivido entre Lisboa e Bruxelas nos últimos dias em torno do esboço orçamental feito pelo ministro das Finanças Mário Centeno.
“Já não vale a pena estar com grande ansiedade”, acrescentou um Costa “confiante” relativamente à avaliação que a Comissão Europeia divulgará esta tarde sobre o OE.
Costa optou antes por falar na importância do “reforço das condições da competitividade”, explicando que “para fortalecer a zona euro, é necessário reduzir as assimetrias” entre os estados-membros.
O primeiro-ministro reconhece que Portugal está a passar por “processo muito exigente”, mas acredita que a saída passa por “vencer os bloqueios às competitividade”.
Costa diz que o objectivo continua a ser “reduzir o défice e a dívida”, mas sem perder de vista o “relançamento da economia”, através de dois pilares: o “aumento do rendimento disponível das famílias e a melhoria das condições de investimento para as empresas, no qual o “investimento directo estrangeiro, nomeadamente o alemão”, terá grande importância.
E, pelo menos nesse ponto, Costa e Merkel estão de acordo. “O que o primeiro-ministro António Costa disse é muito importante. Como melhorar a competitividade é algo que Portugal e a Alemanha vão debater ainda mais intensamente”.
Berlim foi a segunda visita oficial ao estrangeiro de António Costa como primeiro-ministro e a primeira na Europa, depois de ter estado em Janeiro em Cabo Verde.