Caos no IRS. Fisco vai criar nova página  para consultar faturas

Caos no IRS. Fisco vai criar nova página para consultar faturas


Esta nova página só vai ficar disponível em março e vai incluir despesas de rendas e de saúde. A partir daí tem 15 dias para reclamar valores. 


A Autoridade Tributária (AT) vai criar outra página no site das finanças, além do portal e-fatura, onde os contribuintes podem consultar e validar todas as despesas feitas em 2015. Essa consulta só pode começar a ser feita em março e irá incluir despesas de entidades que não são obrigadas a passar faturas como hospitais ou centros de saúde. Também o valor das rendas irá aparecer neste novo portal. 

O prazo para as entidades enviarem a informação das despesas dos contribuintes foi prolongado para 19 de fevereiro, pelo que “só após o tratamento de toda esta informação é que é possível a disponibilização pela AT do apuramento dos valores de despesas de saúde (bem como outras despesas relevantes para algumas deduções à coleta em IRS) por contribuinte e respetiva fonte de informação”.

Mas o que altera? No portal das finanças os contribuintes podem consultar e registar faturas na página pessoal do e-fatura até 15 de fevereiro. A partir de março vai ser possível consultar os valores de todas as despesas de saúde e rendas, apuradas por contribuinte, numa página especifica ainda a criar. Se tiver de reclamar tem 15 dias para o fazer, ou seja, até próximo a 15 de março.

Reembolso prejudicado Milhares de pessoas poderão  ser prejudicadas no reembolso do IRS, caso os prazos de entrega das declarações se mantenham, já que existem várias dúvidas por parte dos contribuintes. O alerta é feito pela Associação de Defesa do Consumidor (DECO) e diz que os contribuintes estão “completamente perdidos”. 

“Todos os que nos têm contactado revelam que não têm informação ou que esta é contraditória”, explica Tito Rodrigues, acrescentando que há “um desfasamento entre a informação e a forma como esta devia ser passada aos contribuintes e aquilo que está a ser apreendido”.

A associação avança mesmo que “vai ser uma grande confusão e que centenas, senão milhares, de contribuintes vão ver os seus reembolsos reduzidos, ou até pagar mais em sede de IRS”.

A DECO diz ainda que não pode deixar de lamentar que, no planeamento das novas regras e procedimentos para a entrega do IRS, o fisco não tenha equacionado a implementação de medidas de apoio e de campanhas de esclarecimento junto de todos os contribuintes.

Este alerta não é novo. Já o bastonário da Ordem dos Contabilistas Certificados, Domingues de Azevedo, tinha admitido ao i que “o IRS em 2016 iria provocar uma guerra civil” quando os contribuintes fossem confrontados com as reduções de deduções na saúde e na educação e com a necessidade de validar as despesas. 

O responsável sublinha ainda que apesar de se falar muito das faturas comunicadas por via eletrónica, o governo aprovou há semanas, para evitar problemas, um regime transitório, excecional, aplicável apenas este ano, em que os contribuintes podem recusar os valores disponíveis no e-fatura desde que tenham os respetivos documentos comprovativos das despesas feitas ao longo de 2015.