2015. Três maiores bancos privados lucraram mais de 2 milhões por dia

2015. Três maiores bancos privados lucraram mais de 2 milhões por dia


Ao contrário da banca privada, a CGD apresentou um prejuízo de 171,5 milhões de euros em 2015


Os três maiores bancos privados (BCP, Santander Totta e BPI) lucraram mais de dois milhões de euros por dia no ano passado. O resultado das três instituições financeiras totalizou os 763 milhões de euros. O lucro da banca poderia ter sido maior se a Caixa Geral de Depósitos (CGD) tivesse apresentado resultados positivos em 2015, em vez de prejuízos de 171,5 milhões de euros.

Já nos primeiros nove meses do ano passado, a CGD tinha visto o seu resultado cair 93%, quando apresentou um resultado consolidado de 3,4 milhões. Ainda assim, nesse período, os quatro maiores bancos lucraram até setembro 603,6 milhões de euros. Dividindo este valor por 273 dias, dá um lucro diário de 2,2 milhões.

Apesar das perdas, a verdade é que o prejuízo da Caixa, de 171,5 milhões, representa uma redução face aos 348 milhões de euros contabilizados em 2014. As reformas antecipadas foram, no entender da instituição financeira, uma das razões apontadas para este resultado. O banco diz que “expurgando dos custos de 2015 o montante de 65 milhões de euros referentes ao aprovisionamento do Plano Horizonte, o resultado antes de impostos e de interesses minoritários teria sido de 43,7 milhões de euros, e o resultado líquido de menos 106,5 milhões de euros”.

O certo é que os prejuízos foram limitados pelos resultados com operações financeiras, nomeadamente a venda de títulos de dívida pública, que subiram 74% para 350 milhões. Já a margem financeira cresceu 14,4% para 1188 milhões. Pela negativa, as imparidades baixaram 25%, mas corresponderam ainda a 716,5 milhões.

O presidente da CGD, José de Matos, confia no regresso aos lucros em 2016 e garante que, quando chegou ao banco, encontrou “um petroleiro”.

Campeão dos lucros O Santander Totta aumentou os resultados em 50,9% em 2015, para 291,3 milhões de euros. De acordo com o presidente, António Vieira Monteiro, os recursos de clientes aumentaram 4,2% em termos anuais, “com os depósitos a manterem uma evolução favorável, subindo 7,3%”. Já o produto bancário ascendeu a 1112 milhões, representando um incremento de 14,9%, tendo a margem financeira aumentado 1,8% para 556 milhões de euros.

As comissões líquidas recuaram 3,8% para 261,5 milhões, enquanto as operações financeiras, impulsionadas pela venda de títulos de dívida, quase duplicaram, para 293,5 milhões de euros. Igualmente positivo foi o contributo com os custos operacionais, que recuaram 4,2% para os 473,6 milhões.

Regresso O BCP fechou o ano passado com lucros de 235,5 milhões, depois do prejuízo de 226 milhões de 2014, e marca o regresso aos lucros depois de quatro anos de perdas. Ao contrário do que aconteceu em anos anteriores, em 2015 foram as atividades em Portugal que sustentaram a inversão do resultado.

A margem financeira em Portugal disparou 35% para 711,3 milhões, o que reflete os custos baixos a que o BCP se financia e os juros cobrados. Também na atividade doméstica ajudou o facto de o banco ter registado menos 28,5% em imparidades de crédito e tido menos 7% de custos operacionais.

O produto bancário do BCP apresentou um crescimento de 9,2% para um total de 2503,5 milhões de euros. Já as comissões aumentaram 1,8% para 692,9 milhões.

Alteração na atividade O BPI apresentou um resultado líquido de 236,4 milhões, que compara com o prejuízo de 163,4 milhões de euros registado no ano anterior. O banco lembra que houve “uma alteração muito significativa na atividade doméstica, enquanto na internacional houve um resultado muito bom”.

No mercado doméstico, o banco teve um lucro de 93,1 milhões contra o prejuízo de 289,7 milhões de euros que sofreu em 2014. Para esta melhoria da operação do BPI em Portugal contribuiu a descida das provisões e imparidades para crédito, que sofreram uma diminuição de 172,5 milhões em 2014 para 103,4 milhões no ano passado.

Já a margem financeira ascendeu a 663,4 milhões de euros, mais 29% que no período homólogo, enquanto as comissões subiram 4% para 324,7 milhões de euros e os ganhos e perdas com operações financeiras ascenderam a 194,6 milhões de euros, contra os 24,9 milhões em 2014. Também o produto bancário registou uma forte subida para 1,1 mil milhões, mais 37,8% do que em 2014.