Foram ontem confirmadas as suspeitas de um sexto caso por infeção do vírus zika em Portugal. A sexta vítima, do sexo masculino, é também a única que não contraiu o vírus em território brasileiro. Trata-se de um médico colombiano que se encontra a estudar no Instituto de Higiene e Medicina Tropical, em Lisboa, e que regressou recentemente a Portugal após uma visita ao seu país.
O paciente voltou a Portugal em meados do mês, após uma temporada na Colômbia, já com sintomatologia (febre e pequenas erupções cutâneas). Por saber que vinha de uma área onde não só o zika mas doenças como a dengue são relativamente comuns, dirigiu-se ao Hospital Egas Moniz.
O teste de despistagem acabou por ser feito no Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) através de PCR, uma tecnologia recentemente adquirida pelo instituto que permite isolar o vírus em doentes que estejam numa fase aguda da doença ou tenham sido recentemente infetados.
Recorde-se que o vírus tem manifestações moderadas nos adultos, sendo pouco invasivo. O grande problema parece ser, por agora, no caso de mulheres grávidas, havendo uma correlação entre a picada do mosquito e o nascimento de bebés com microcefalia.
Entre os seis pacientes infetados com zika em Portugal não se encontra nenhuma grávida.
Rápida disseminação A Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou anteontem um alerta relativamente à propagação do vírus no continente americano, onde se estima que a epidemia possa vir a afetar quatro milhões de pessoas. Mas este será um problema partilhado por todos: Margaret Chan, diretora global da entidade, veio ontem dizer “que o vírus se propaga de maneira explosiva” e que há risco de epidemia mundial. Por agora, já foi detetado em 23 países. Dinamarca, Suíça, Espanha, Estados Unidos, Israel, Reino Unido e Itália são alguns exemplos, embora todos os casos europeus tenham sido transmitidos por importação, e não localmente.
Mas há Aedes na Europa. Ao i, o médico e investigador do vírus no Instituto de Higiene e Medicina Tropical, Vítor Laerte, já tinha confirmado esta possibilidade, “dado que o mosquito já criou resistência a temperaturas mais frias. A barreira climática já não é garantia. As epidemias não acontecem de um dia para o outro, mas há uma possibilidade real”.
“Este é um mosquito que dificilmente as pessoas conseguem detetar, pois é silencioso e gosta de sítios mais discretos, como por exemplo debaixo das mesas, pelo que é difícil perceber quando estamos ou não na presença do mesmo”, explicou. Além disso, esta espécie ataca durante o dia. “A maioria das pessoas ainda não sabe que o Aedes ataca principalmente durante o dia, e não apenas à noite, como acontece com outras espécies de mosquitos.”
Para o investigador, a doença “é frustrante do ponto de vista do acompanhamento médico pois, por agora, ainda não há soluções”. A OMS reúne de emergência no início da próxima semana.