A prioridade imediata de Passos é convencer o PSD que será capaz de levar o partido novamente a formar governo. Para isso precisa de manter as bases motivadas com a sua liderança. A tese de que Costa é um primeiro-ministro politicamente ilegítimo consola nos primeiros dias pós-abalo, mas não devolve a esperança, sobretudo quando há nomes que entusiasmam alguns setores do partido, como o de Rui Rio, o eterno indeciso.
Depois do terramoto provocado pela rejeição do programa de governo PSD/CDS, Passos assumiu-se com líder de uma oposição responsável e até viabilizou o Orçamento Retificativo rejeitado pelo PCP e BE. Passos acredita que mais cedo ou mais tarde a realidade lhe dará razão: as políticas expansionistas não são amigas do rigor orçamental. Mas corre o risco de não ter tempo útil para esperar pelo julgamento da História.
O ex-primeiro-ministro insiste que o seu projeto para o país é para duas legislaturas. Cumpriu a primeira: fazer o ajustamento financeiro e devolver a soberania ao país. O plano para a segunda consiste em devolver poder de compra aos portugueses em função do crescimento económico baseado em exportações e não no consumo interno. Insistirá nessa bandeira, em velhos desígnios e no mesmo discurso, com pose de primeiro-ministro, no conclave do PSD? Ou irá apresentar novos desafios, mais próximos da matriz social-democrata? Há quem peça a mudança.