Jerónimo sai ou fica? O Comité é que sabe

Jerónimo sai ou fica? O Comité é que sabe


Jerónimo de Sousa já disse e repetiu que, se dele depender, continua à frente do PCP nos próximos quatro anos. Mas em 2020, Jerónimo tem 74 anos. 


E este dado não alinha com a estratégia de renovação que o partido tem assumido nos últimos anos. O secretário-geral comunista chega ao congresso em baixa, por mais que tente justificar os resultados com variáveis externas ao partido:perdeu votação nas legislativas – foi mesmo ultrapassado pelo BE – e nas presidenciais viu o seu candidato ficar muito abaixo da bloquista Marisa Matias.

O XX congresso dos comunistas, que será marcado para o final do ano, é a derradeira oportunidade para o partido reafirmar, alto e bom som, a sua agenda e explicar à base de apoio os ganhos de ter viabilizado um governo do PS – depois de Jerónimo de Sousa ter feito dos socialistas o alvo dos maiores ataques na campanha eleitoral para as eleições de 4 de Outubro. Acresce que a reunião magna dos comunistas vai coincidir, se tudo correr como previsto, com a apresentação do Orçamento de Estado para 2017.

E aí o PCP pode perceber que terá de saltar fora do barco em que navega (mais ou menos) ao lado do PS. E, em consequência, voltar à defesa intransigente – contra tudo e contra todos – de uma política patriótica de esquerda, colando o PS à direita, à austeridade e ao diretório europeu. Isso para segurar o eleitorado e evitar hemorragias entre o povo comunista. Se é Jerónimo ou não a liderar o próximo ciclo do PCP, depois de ter sido o protagonista do reencontro histórico com o PS, só o Comité Central é que sabe. Jerónimo, por ora, vai sinalizando que está disponível e com força para continuar em funções a servir o partido.