Espero que esta carta o vá encontrar de boa saúde e, sobretudo, já eleito. Caso contrário, só a irá receber daqui a três semanas.
De qualquer forma, embora escrita na véspera do dia das eleições, não quis deixar de lhe endereçar a primeira carta que, decerto, receberá dos portugueses.
Gostei da forma como conduziu a sua campanha. Com sobriedade, poupança de recursos, mas com contactos genuínos e de transmissão de afetos. Os portugueses estavam a precisar disso como de pão para a boca.
Gostei também de não ter caído na tentação de querer tentar ser outra pessoa. E também de ter resistido a responder a ataques rasteiros, como o de não ter feito o serviço militar ou de ser filho de quem é.
Apreciei querer continuar a ser a pessoa que todos conhecem, que os cativa pela inteligência, mas que também não esconde os defeitos.
Por outro lado, confio no seu conhecimento e, sobretudo, na experiência política, fundamentais nos tempos que vivemos.
Confio, ao mesmo tempo, na sua exuberância, no seu sentido de humor e na sua alegria de viver, essenciais para contagiarem os portugueses.
Se há alguém que pode arejar o Palácio de Belém é, sem dúvida, o senhor Presidente.
Esta é a primeira e a última carta que penso escrever-lhe.
Conto ter um Presidente da República de quem nos vamos orgulhar e que represente realmente um “tempo novo”.
Por favor, não me desiluda.
Será essa a única hipótese de lhe escrever outra carta.
Escreve à segunda-feira