O modus operandi era simples: os burlões alegavam ter viajado por várias companhias aéreas, comprovando as viagens através de documentos falsos, e reclamavam que as bagagens tinham sido roubadas ou perdidas durante o voo.
Após a reclamação – sempre acompanhada de uma lista do conteúdo da mala alegadamente extraviada, com o valor dos bens perdidos -, os burlões pediam indemnizações às seguradoras. Para isso, forjavam os próprios cartões de embarque e cópias de declarações das companhias aéreas atestando que a bagagem tinha sido perdida. Uma das companhias mais lesadas terá sido a low-cost Ryanair.
A fraude, contada pelo “Jornal de Notícias”, envolve 28 arguidos com as mais diversas profissões: enfermeiros, técnicos de farmácia, chapeiros, auxiliares de ação médica, empresários, seguranças e mediadores de seguros, entre outros.
Uma das arguidas, que será, alegadamente, uma dos responsáveis pela fraude, trabalhava num gabinete de mediação de seguros, pelo que teria “conhecimento de todos os procedimentos” necessários para pedir a indemnização, diz a acusação do Ministério Público. Este conhecimento a priori terá sido essencial para montar e executar o sistema de burlas.
Segundo o Ministério Público, os arguidos estão indiciados por 63 crimes de falsificação de documentos e 49 de burla que prejudicaram as companhias aéreas em mais de um milhão de euros.
O caso, investigado pela Polícia Judiciária, teria como cérebro da operação funcionários de uma empresa de mediação de seguros sediada em Oliveira de Azeméis. Só esta seguradora terá lesado outras em mais de 160 mil euros, para além das companhias aéreas vítimas do esquema fraudulento.
O caso segue agora para julgamento.