Dez minutos depois das oito da noite, e de divulgadas as sondagens que dão a vitória de Marcelo Rebelo de Sousa à primeira volta e uma previsão de resultado catastrófico para Maria de Belém, que pode ficar entre os 3,5 e 4%, a candidatura da socialista assume a derrota e tenta encontrar culpados.
Vera Jardim disse que, tendo em conta as projecções divulgadas, "a candidatura terá ficado muito aquém do que se pretendia".
O porta-voz da candidata disse que "é visível que a entrada em campanha de uma vaga de populismo demagógico, cavalgada e incentivada pelos outros candidatos teve um efeito enorme na capacidade de consolidar e melhorar os valores que as sondagens" davam a Maria de Belém. Uma referência óbvia ao tem das subvenções dos políticas que atingiram em cheio a socialista na recta final da campanha.
Mas há mais responsáveis, e estes estão no interior do PS.
"Não se pode ignorar também que a tomada de posição pública de muitos dos principais dirigentes do partidos socialista e de membros do governo foi interpretada como sendo a posição oficiosa do PS ao arrepio da decisão da comissão política do partido", disse Vera Jardim.
Quanto a Maria de Belém, o porta-voz elogiou a sua "coragem" por ter reagindo ao "populismo fácil e demagógico", tentando impor "uma campanha de temas" e recusando-se "a prometer o que não pode fazer o Presidente da República", que não governa. Vera Jardim terminou a declaração aos jornalistas sublinhando que "a campanha com dignidade" de Maria de Belém ficará como a "marca indelével" da candidata nesta batalha eleitoral.
Na sede da campanha, o ambiente é pesado, perante uma derrota que se anuncia muito maior do que o previsto. Maria de Belém vai ficar atrás da candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda, Marisa Matias, e pode ficar também atrás de Edgar Silva.
Com poucas figuras conhecidas na sala, João Soares e Marçal Grilo foram telegráficos e evasivos, nas primeiras declarações. João Soares, o único ministro de António Costa que apoiou Belém, disse ser cedo para fazer o balanço, enquanto o ex-ministro da Educação de António Guterres lamentou a campanha "miserabilista".
manuel.a.magalhaes@ionline.pt