O abstencionista não conta, omite-se, não tem opinião válida. Grave é haver gente que vive nessa pia ilusão, e refiro-me aos que se abstêm por uma suposta autossuficiência, como se os que votam fossem um rebanho de ovelhas a fazer “mé mé”. Há também outros que se abstêm por puro desconhecimento, indiferença ou laxismo. A cidadania precisa também de contar com escolas e famílias que formem cidadãos de corpo inteiro.
Nestas eleições existe ainda um fator inédito no peso da abstenção que parece pairar num certo inconsciente coletivo: resulta do facto de qualquer dos candidatos ser sempre melhor do que este que acaba o mandato, porque pior não é possível. Enfim, trata-se de uma ambígua inevitabilidade de peso incerto, mas que pode complicar as contas e os efeitos. Melhor é sempre votar, porque “todos somos soldados numa República”, como bem disse Sampaio da Nóvoa, o único que tem falado de coisas importantes a olhar para o futuro e aquele que terá o meu voto. Mau seria que o próximo Presidente viesse a ser o resultado de qualquer “inevitabilidade” pré-fabricada. Definitivamente, não é disso que precisamos nem é o que desejo para o meu país. Há que virar a página do mofo.
Escreve à terça-feira