Mulher de Sampaio da Nóvoa entra na campanha

Mulher de Sampaio da Nóvoa entra na campanha


Sampaio da Nóvoa teve ontem o seu maior comício, em Lisboa. O candidato lembrou a vichyssoise de Marcelo e foi aplaudido pelo PS (que apareceu em peso), mulher e filho.


Ao sétimo dia de campanha para as presidenciais de domingo, Sampaio da Nóvoa teve o seu maior comício. Ontem, casa cheia no pavilhão do Casal Vistoso, em Lisboa, para aplaudir o candidato a Belém que surge nas sondagens em segundo lugar nas intenções de voto, ainda longe de atirar Marcelo Rebelo de Sousa para uma segunda volta.

E porque a semana que agora arranca é o tudo ou nada para conseguir um confronto a dois nas urnas com o candidato apoiado pelo PSD e pelo CDS, Sampaio da Nóvoa tratou de dramatizar o voto no candidato da direita, não só para segurar o eleitorado de esquerda, mas também para atrair eleitores do centro. “O futuro passa pelo dia 24, que ninguém se engane, se iluda ou esteja distraído”, sublinhou.

O nome de Marcelo nunca foi referido, mas foi o único na mira do candidato independente. Nóvoa, que se vier a ser eleito promete ser um “cidadão-Presidente”, recuperou o ataque que lhe foi feito pelo ex-líder do PSD no debate televisivo durante a pré-campanha (Marcelo acusou Nóvoa de querer passar de “soldado raso” a “general”) para acusar o ex-comentador de estar a dividir o país em dois: “Um dos mesmos rostos de sempre, que se perpetuam na política e no poder mediático, e o de todos aqueles que, independentemente do que deram à causa pública, se deveriam limitar, ouvi-o dizer, à condição de soldados rasos”, disse, acrescentando que “quando se diz que um cidadão não pode ser Presidente sem ser pelos canais da política tradicional, não é a mim que pretendem excluir, mas todos aqueles que não fazem parte dos mesmos rostos de sempre. Numa República não há entronizados à partida, nem príncipes herdeiros, nem ungidos pela fama.”

Árbitro mas com opinião As farpas não se ficaram por aqui e será assim até sexta-feira, dia em que termina a campanha. Ontem, Nóvoa fez questão de sublinhar que o papel do Presidente “não é irrelevante” e que a ideia de “árbitro”, como se refere Marcelo às funções presidenciais, não pode ser confundida com “ausência de opinião”, sob pena de “ficarmos nas mãos de quem tem poder e tudo decide”. E dramatizou o voto em Marcelo:_“Não podemos votar num candidato que agora não tem ideias nem assume compromissos, escondendo-se atrás de uma estratégia apenas de afetos.” Para se diferenciar, o ex-reitor recuperou uma das suas propostas: “Comigo a Presidente da República não haverá nenhuma diminuição significativa da da nossa soberania sem que os portugueses e as portuguesas se pronunciem”, disse, numa referência à sua promessa de referendar decisões que possam a vir a ter de ser tomadas e que diminuam a soberania do país.

O apelo de Passos Coelho ao voto em Marcelo, ontem, também serviu para Nóvoa tentar beliscar o adversário com um dos discursos mais incisivos. O ex-reitor, que diz ser a “alternativa à candidatura da ocultação vazia” que “tenta reciclar pelo esquecimento o que defendeu no passado”, acusou Marcelo de ter estado ao lado do governo PSD/CDS na defesa de “políticas claramente contra a nossa Constituição”. Nóvoa lembrou que Marcelo esteve ao lado de Passos na defesa da lei de bases da Educação, vetada por Jorge Sampaio quando Durão Barroso aprovava o mesmo diploma. “O candidato que agora se diz da esquerda da direita alinhou com esta proposta de ataque à escola pública. Sei bem do que falo. Estive a trabalhar em Belém (quando era assessor de Jorge Sampaio) e não a comer vichyssoise nem sopas frias.”

PS, Mulher e filho “Abraçado” por 1600 apoiantes que agitavam bandeiras de Portugal, Nóvoa parte de sorriso rasgado para a última semana de campanha. E confiante numa vitória: se no domingo ou a 14 de Fevereiro, tanto faz. Ontem, além do apoio da mulher, Lénia, e do filho, André, que se têm mantido longe da campanha, Nóvoa esteve entre socialistas, mesmo depois de Manuel Alegre e Vera Jardim, apoiantes de Maria de Belém, terem acusado o independente de estar a usar a máquina do PS para fazer campanha. A crítica caiu em saco roto. Adalberto Campos Fernandes, ministro da Saúde, Duarte Cordeiro, Pedro Bacelar de Vasconcelos, Ascenso Simões, Isabel Moreira, Rui Vieira Nery, Edite Estrela, Jorge Lacão e Inês de Medeiros não deixaram de ir apoiar o ex-reitor, que corre com o apoio de Ramalho Eanes, Jorge Miranda, João Ferreira do Amaral, Carvalho da Silva, Eduardo Lourenço, Maria Antónia Palla (mãe de António Costa), Daniel Oliveira (ex-BE), Rui Tavares (ex-BE, Livre), Rosa Mota e António-Pedro Vasconcelos, entre outros que não faltaram à chamada ao Casal Vistoso.

ricardo.rego@ionline.pt