A campanha presidencial tem sido penosa, triste e mesmo patética. Começou com uns inenarráveis debates televisivos e acaba com dez almas penadas nas estradas portugueses a fazerem figuras ridículas e a dizerem umas patetices para os microfones. Sentados em casa, os portugueses ouvem os senhores e senhoras falar em esperança, afetos, coração, da querida Constituição e a prometerem acabar com o pessimismo nacional. Pois. Daqui a uma semana, provavelmente já haverá um novo inquilino em Belém e o país não aquece nem arrefece com a novidade. Novidades, e muitas, têm sido dadas pelo governo do mais do que relativo presidente do Conselho. Tudo boas novidades, claro, que a esquerda não gosta de más notícias. Os senhores que chegaram ao poder derrotados nas eleições são verdadeiramente uns mãos-largas. Não se percebem, aliás, as razões que levaram o país à bancarrota e percebe-se ainda menos a violenta austeridade imposta a Portugal pelos credores internacionais. Afinal, está tudo a voltar a 2010, mesmo com o país mais pobre depois da recessão económica provocada pela austeridade. E não é um tímido crescimento de 1,5% em 2015 que justifica a riqueza descoberta pelos sociais-comunistas. Provavelmente deram uns pontapés numas pedras e descobriram ouro e diamantes, um segredo que, por certo, o mais do que relativo presidente do Conselho irá revelar na discussão do Orçamento do Estado para 2016, dificilmente elaborado pelo aflito Groucho Marx das Finanças. A verdade é que com segredos ou sem segredos, com pontapés nas pedras ou pura magia, o país pobre com muitos pobres e poucos ricos anda, por estes dias, a fazer figura de rico e já tem direito a artigos interessantes na imprensa internacional de referência. O governo do mais do que relativo presidente do Conselho escorraçou sem mais vários grupos internacionais que tinham ganho legitimamente as concessões dos transportes de Lisboa e Porto. Anda numa azáfama a negociar com os acionistas privados da TAP o retorno do Estado ao controlo maioritário da companhia, com algumas ameaças de expropriação pelo meio e sem saber ao certo o que irá fazer a Comissão Europeia a esta traquinice dos sociais-comunistas. E se nos negócios o panorama é este, em matéria de aumento de despesas anda por aí uma grande festa. A empresa socrática Parque Escolar, que o anterior governo desgraçadamente não extinguiu, vai agora receber 340 milhões para mais umas obrazitas em escolas públicas. A Ciência já anunciou aumento das verbas para bolsas, a nova diretora do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras vai contratar mais inspetores, os funcionários públicos vão trabalhar menos cinco horas por semana, as horas extraordinárias vão disparar e o Estado irá contratar mais pessoal para compensar a redução do horário. Tudo isto a somar aos aumentos do abono de família, do rendimento social de inserção, à redução dos cortes salariais no Estado, da sobretaxa do IRS e da taxa sobre as reformas. Tudo à grande, como se vê. A riqueza não aumentou, o país continua pobre como sempre, mas os sociais-comunistas não abdicam de fazer o que sempre fizeram enquanto os mercados emprestarem dinheiro a juros razoáveis:_gastar a torto a direito, enganar os portugueses e fingir que o país tem enormes potencialidades para criar riqueza e dar uma vida europeia aos seus cidadãos. Como se sabe há séculos e várias bancarrotas depois, é tudo uma grande mentira que normalmente acaba muito mal. Não é com dinheiro emprestado nos bolsos dos cidadãos que a economia cresce e cria empregos. Os sociais-comunistas vão aumentar a dívida do país para criarem a ilusão do fim da austeridade. Pior do que isso: vão afundar ainda mais o país se convencerem os portugueses de que a austeridade é uma aberração. Não é, nunca foi e nunca será. Só não é para quem, como os sociais-comunistas, nega uma triste realidade. Portugal foi, é e será um país de tesos a fazerem figuras de rico.
Jornalista, Escreve à segunda-feira