Nuno Melo desfaz tabu sobre liderança

Nuno Melo desfaz tabu sobre liderança


Próximos avisam Melo de que esta pode ser oportunidade única. Mas opção pode ser apoiar Cristas.


Nuno Melo responde hoje à pergunta que se faz no CDS há quase três semanas: vai candidatar-se à sucessão de Paulo Portas? A resposta pode ser dada na “Grande Entrevista” da RTP3 ao jornalista Vítor Gonçalves. Para já, os mais próximos de Melo não arriscam adivinhar a decisão do eurodeputado, mesmo que haja quem garanta que os apoios que recebeu nas últimas semanas o entusiasmaram.

Se há uns meses Nuno Melo garantia no seu círculo mais próximo que queria terminar o mandato em Bruxelas – que só finda em 2019 –, agora há a perceção de que perder a oportunidade de se candidatar à liderança pode tirar essa possibilidade para sempre do seu caminho. “Oportunidades como estas nem sempre aparecem na altura mais adequada”, recorda um amigo de Melo, que entende a necessidade de ponderar bem “as consequências pessoais” que terá ser líder do CDS.

Melo e cristas falam Os próximos de Nuno Melo têm, de resto, lembrado ao eurodeputado que Assunção Cristas, sendo mais nova, poderá ficar como uma “reserva” para uma liderança mais à frente. No seu caso, se falhar a oportunidade, poderá não voltar a ver-se em condições tão favoráveis para ser líder.

Certo é que no CDS – e seguindo o conselho de Portas, que saiu pedindo que se evitem lutas fratricidas – há muitos que preferem ver uma direção com Melo e Cristas.

Os dois têm falado com regularidade e é muito provável que se coordenem para uma solução de liderança conjunta – que é, de resto, a solução preferida de alguns dos históricos do partido mais próximos de Portas.

Num cenário de acordo entre os dois, a dúvida é a de saber quem seria o candidato a líder. Nuno Melo tem força entre as estruturas e provas dadas em termos eleitorais. “Fez eleições sozinho em condições muito difíceis e conseguiu ser eleito quando não era isso que se esperava”, frisa um apoiante de Melo a propósito das eleições europeias.

Cristas é, em termos eleitorais, uma incógnita, mas a sondagem da Aximage conhecida na semana passada deu-lhe força. O inquérito revelou dados que apanharam muitos de surpresa: a ex-ministra recolhe 41,8% (contra os 31,5% de Nuno Melo) das preferências dos eleitores e convence 51,3% dos centristas (Melo tem apenas 27,5%).

O tabu de cristas Para já, Cristas não quer desfazer o seu tabu. “Não quero comentar nada. As coisas têm os seus tempos”, diz ao i a ex-ministra, que não quer sequer confirmar se tem a decisão já tomada, mas deixa claro que a opção se fará sobretudo pelo impacto que uma candidatura à liderança poderá ter na sua vida pessoal. “A minha decisão tem que ver comigo e com a minha família”, explica.

margarida.davim@ionline.pt