12 de janeiro de 2015. Uma data gravada com letras de ouro na história do futebol português. O dia do ‘Siiiiiiiiiiiii’ de Ronaldo, o grito de guerra do Real Madrid e o grito de revolta do internacional português. Um dia em cheio para CR: hat-trick de Bolas de Ouro no palmarés e o título de melhor jogador do mundo em 2014.
Mas não chegava, nunca chega para ele, o bicho papão dos recordes. Talvez por isso, a promessa ficou no ar: “Nunca pensei ganhar três vezes esta bolinha, mas não paro por aqui. Espero apanhar o Messi já na próxima época. Não deixo de dormir por isso, mas tenho ambição”.
Ainda bem que Ronaldo não deixou de dormir. Desde esse dia não conquistou mais nenhum título a não ser a Bota de Ouro (48) da Europa – ah, e o prémio de jogador do século para a Federação Portuguesa de Futebol. Provavelmente até deve ter tido insónias. Ou pesadelos. Com Messi, claro.
O único homem à face da Terra que tem cinco Bolas de Ouro em casa (2009, 2010, 2011, 2012 e 2015), as mesmas que Cruyff (3) e Di Stéfano juntos (2), e tantas como as conquistadas pelos brasileiros Ronaldo Fenómeno (2), Rivaldo (1), Ronaldinho (1) e Kaká (1). A última foi-lhe parar às mãos ontem, na gala da FIFA em Zurique, na Suíça.
Depois de dois anos sabáticos, onde Ronaldo aproveitou para encurtar distâncias (2013-14), o jogador catalão reuniu 41.33% das preferências de todos os selecionadores nacionais, dos capitães de equipa das seleções e dos representantes da comunicação social de todo o mundo para conquistar o mais importante prémio individual do mundo do futebol e a manita mais saborosa do palmarés. Ronaldo desta vez teve de se contentar com o segundo lugar (27,76%) e o outsider Neymar com o último lugar do pódio (7.86%).
A diferença para a concorrência é explicada de uma forma muito simples. Ora veja: 45 vitórias, 11 empates, 5 derrotas, 52 golos em 61 jogos, 27 assistências e 5 de 7 títulos possíveis. 2015 só não foi perfeito porque o número 10 do Barcelona perdeu a Supertaça espanhola para o Athletic Bilbao e a Copa América para o Chile, com a camisola da Argentina. Tem sido essa a sua maior mancha no CV. Títulos pela albiceleste.
Algo que o jogador não esconde: “Trocava as Bolas de Ouro por um Mundial, afirmou aos jornalistas ainda no aquecimento para a cerimónia. Mas não foi a única tirada que fica para a história. Ronaldo também entrou no jogo: “O pé esquerdo do Messi é muito bom. O meu também não é mau, mas gostava de ter o pé esquerdo dele”.
Talvez vá ficar surpreendido (vai mesmo!), mas a revelação é do maior rival. Sim, acertou, foi Ronaldo quem o disse. E há mais. A troca de elogios entre os três candidatos, que na Liga espanhola nem se podem ver, foi uma constante nas horas que antecederam a entrega do prémio. O problema foi na hora das votações.
Messi: 1.º Suarez (Barça), 2.º Neymar (Barça) e 3.º Iniesta (Barça)
Cristiano: 1.º Benzema (Real), 2.º James (Real) e 3.º Bale (Real)
Neymar: 1.ª Messi (Barça), 2.º Suárez (Barça) e 3.º Rakitic (Barça)
Falta de honestidade ou… atenção? Fica a dúvida. Algo que não houve na atribuição do Prémio Fair Play a Gerald Asamoah, antigo futebolista e representante de clubes e jogadores que apoiam os refugiados. Luis Enrique e Jill Ellis sagraram-se treinadores do ano, Carli Lloyd foi a player de 2015 e Wendell Lira ficou na fotografia do golo mais bonito.
Para a equipa da FIFA 2015, foram escolhidos 8 jogadores do campeonato espanhol (a Liga mais representada nos últimos 10 anos), 1 da Série A e 1 da Bundesliga. As luvas foram entregues a Neuer; a baliza é defendida por Thiago Silva, Marcelo, Sergio Ramos e Dani Alves; o meio campo é formado por Iniesta, Modric e Pogba; e o no ataque surge um trio de luxo: Messi, Neymar e Cristiano Ronaldo. Chegava para vencer a Champions?