É caso para dizer: ‘Slimani ao volante é um perigo constante’. Para os defesas contrários, claro, não para este Sporting a altas rotações. Que o digam os guerreiros do Minho, que viram o condutor argelino despejar-lhes um balde de água fria em cima do motor, numa noite que até começou quente.
O Ferrari de Jorge Jesus, chamemos-lhe assim – a ‘culpa’ é do bate-boca com o mister Rui Vitória –, partiu para o embate com o Sp. Braga na pole position mas derrapou logo na primeira curva. A estrada estava molhada ao intervalo (2-0 no marcador e chovia a potes em Alvalade), mas após a paragem nas boxes, os leões trocaram de pneus (William deu lugar a Gelson Martins aos 46’), meteram o pé a fundo no acelerador e conseguiram ultrapassar o Fiat de Paulo Fonseca em cima da meta (89 minutos). O resultado não deixava dúvidas: 3-2. Histórico.
Há 53 anos que o Sporting não conseguia a remontada em casa para o campeonato a perder por 2-0 ao intervalo. A última vez que tal aconteceu foi frente ao V. Guimarães em 1963 e o duelo terminou 4-2. O título de campeão de inverno também já não escapa, num triunfo de garra e qualidade, com muito mérito da formação verde e branca, perante a oposição de um Braga que nunca se cansou de olhar para o Sporting olhos nos olhos.
Portanto, um jogo frenético, com emoção até ao fim. Mais um, depois da final da Taça na última época (resolvida nos penáltis) e do novo embate, já este ano, na prova rainha do futebol português (no prolongamento). Bravo!
Tudo começou com a traição de Wilson Eduardo (mais uma). Contra-ataque rápido dos minhotos e o avançado não perdoa a oportunidade que lhe foi parar aos pés, à entrada da área, num remate cruzado que deixou Rui Patrício estendido no relvado (40’). Não festejou. E Alvalade aplaudiu o ex-jogador. Cinco minutos depois, Rafa, ligado à corrente o jogo todo, amplia para 2-0 a favor dos minhotos, numa altura em que o árbitro já estava com o apito na boca para mandar as duas equipas para o balneário.
2-0 ao intervalo parecia uma missão impossível. Menos para Jorge Jesus, campeão de inverno há 5 épocas consecutivas (2011-16) e já com experiência para dar e vender nestas andanças. Talvez por isso, não se preocupou e resolveu galvanizar os seus pupilos. A esperança leonina renasceu pouco depois no pé direito de Adrien, que converteu de penálti uma mão na bola de André Pinto (58’). 18 minutos depois, Montero restabeleceu a igualdade, ao apontar o seu segundo golo em 11 jogos. O melhor estava guardado para o fim, aos 89’, quando Slimani teve cabeça para fechar a reviravolta no marcador (3-2).
O vulcão de Alvalade explodiu. Não era caso para menos: os leões já não eram campeões de inverno isolados desde a última vez em que se sagraram campeões, em 2001/02 com Laszlo Boloni. “Grande jogo novamente, ao nível dos grandes jogos que se fazem pelo mundo fora. E desta vez ganhamos nós. Excelente arbitragem. Espero que o Jorge Sousa [árbitro] não tenha nota negativa”, afirmou Jesus no final do jogo. Já Paulo Fonseca optou por lamentar o desfecho: “Pelo que fizemos merecíamos mais, pela nossa ousadia. Depois de termos sofrido o golo de penálti foi difícil defender a nossa vantagem”.