Marcelo Rebelo de Sousa não quis que o debate com Paulo Morais fosse crispado e conseguiu. "Acompanho com apreço a sua luta no domínio da corrupção", começou por dizer o ex-comentador ao seu adversário, numa discussão muito marcada pelo tema da corrupção e em que várias vezes o ex-líder do PSD disse concordar com Paulo Morais.
O ex-vereador do PSD voltou a defender que os advogados não devem ser deputados, porque os que estão "ligados às grandes sociedades estão no parlamento para influenciar a legislação" e "ganham milhões a dar pareceres sobre as leis que fizeram". Marcelo apanhou a ideia e garantiu que sempre foi "muito rígido em matéria de incompatibilidades". O ex-comentador propõe que seja criada uma comissão na Assembleia da República para apurar os casos de "violações de ética". Essa comissão seria formada por antigos presidentes da Assembleia da República.
Marcelo voltou a puxar o assunto da corrupção quase no final do debate para defender que é preciso reforçar os meios para investigar os crimes económicos. "Os meios são muito limitados".
No dia em que Passos Coelho criticou a demora na apresentação do Estado, Marcelo desdramatizou e disse mesmo que compreende a dificuldade do governo, porque tem de "reequacionar" as políticas. "Mês e meio não é escandaloso".
Apesar de o debate ter decorrido sem crispação, Paulo Morais garantiu que não apoiará Marcelo numa segunda volta. O ex-vereador do PSD diz que se não for ele a passar à segunda volta vai votar em branco e apelou a que só votem nele os portugueses que acham que "as coisas estão mal".
O candidato defendeu que a sociedade portuguesa está dominada pelo medo, devido a problemas como o desemprego. "A incerteza, é sobretudo a incerteza", acrescentou Marcelo. A postura pacífica do ex-líder do PSD neste debate levou mesmo o moderador a registar que Marcelo "concorda em quase tudo" com o seu adversário.