Morte às convicções


Eu não sei se hoje as convicções têm peso na decisão política. Francamente, não o sei! Admito até que esse peso seja diminuto, não obstante o muito que se diz em sentido contrário. E admito mesmo, digo-o com pesar, que esta situação seja mais visível na direita do que na esquerda.


Apesar de muito desse povo de direita, ou dito de direita, bater insistentemente com a mão no peito em defesa de valores, de princípios e de ideais, na realidade, o que o move são coisas bem distintas. Sossega-o, assim, esse chavão repleto de conteúdo de que é sempre necessário votar em quem quer que seja para impedir que os socialistas ou os comunistas vençam, ainda que esse voto não signifique absolutamente nada em termos positivos.

Mas enfim, a direita tem o que merece. Se ao fim de quatro décadas ainda vota por exclusão de partes, ou seja, pela negativa, a direita, ou pelo menos aquela direita que diz defender valores, não pode queixar-se da sua sorte. Posso, como é óbvio, estar completamente enganado, mas se assim for, pensando nas próximas presidenciais, gostaria que me explicassem o que pode verdadeiramente motivar alguém de direita a votar em Marcelo Rebelo de Sousa.

Se aquilo em que ele pessoalmente diz acreditar é irrelevante para o desempenho das suas funções, como de forma clara esclareceu no debate que teve com Marisa Matias a propósito de temas que sempre dividiram a direita e a esquerda, seria útil perceber o que justifica o voto num candidato que deita para o caixote do lixo as suas convicções.

Se o que está em causa é apenas eleger um presidente – notário, que analisa a forma e não o conteúdo, apenas porque esse conteúdo resulta da vontade de uma maioria parlamentar –, seria bom que de uma vez por todas se pusesse de lado a ideia de que a direita tem candidato presidencial. Pelo menos, a direita a que pertenço!

Professor da Universidade Lusíada


Morte às convicções


Eu não sei se hoje as convicções têm peso na decisão política. Francamente, não o sei! Admito até que esse peso seja diminuto, não obstante o muito que se diz em sentido contrário. E admito mesmo, digo-o com pesar, que esta situação seja mais visível na direita do que na esquerda.


Apesar de muito desse povo de direita, ou dito de direita, bater insistentemente com a mão no peito em defesa de valores, de princípios e de ideais, na realidade, o que o move são coisas bem distintas. Sossega-o, assim, esse chavão repleto de conteúdo de que é sempre necessário votar em quem quer que seja para impedir que os socialistas ou os comunistas vençam, ainda que esse voto não signifique absolutamente nada em termos positivos.

Mas enfim, a direita tem o que merece. Se ao fim de quatro décadas ainda vota por exclusão de partes, ou seja, pela negativa, a direita, ou pelo menos aquela direita que diz defender valores, não pode queixar-se da sua sorte. Posso, como é óbvio, estar completamente enganado, mas se assim for, pensando nas próximas presidenciais, gostaria que me explicassem o que pode verdadeiramente motivar alguém de direita a votar em Marcelo Rebelo de Sousa.

Se aquilo em que ele pessoalmente diz acreditar é irrelevante para o desempenho das suas funções, como de forma clara esclareceu no debate que teve com Marisa Matias a propósito de temas que sempre dividiram a direita e a esquerda, seria útil perceber o que justifica o voto num candidato que deita para o caixote do lixo as suas convicções.

Se o que está em causa é apenas eleger um presidente – notário, que analisa a forma e não o conteúdo, apenas porque esse conteúdo resulta da vontade de uma maioria parlamentar –, seria bom que de uma vez por todas se pusesse de lado a ideia de que a direita tem candidato presidencial. Pelo menos, a direita a que pertenço!

Professor da Universidade Lusíada