O comunista que foge da Coreia e o independente que sobre a NATO remete para Sampaio

O comunista que foge da Coreia e o independente que sobre a NATO remete para Sampaio


   Edgar Silva e Sampaio da Nóvoa debateram esta noite na TVI 24.


Edgar Silva e Sampaio da Nóvoa esgrimiram ontem argumentos para convencer o eleitorado de esquerda. A corrida às presidenciais de dia 24 ainda nem entrou na campanha oficial, mas os candidatos não querem deitar a perder o palco da televisão para falar diretamente com os eleitores, começando desde logo por diferenciar percursos. 

Para Silva o apoio do PCP é um "certificado de garantia" e rotulou Nóvoa de candidato que "não conseguiu os apoios que queria e que acabou por ficar associado a uma fação do PS". Sampaio da Nóvoa assumiu que participou em iniciativas de vários partidos, incluindo do PCP, aos quais não tem qualquer vínculo, e por isso mesmo  sublinhou que o fato de sair da sociedade civil é o garante de uma candidatura "livre" protagonizada por alguém que não ficou "à espera dos partidos".

A estratégia dos dois candidatos foi clara: tentar chegar o mais possível ao centro e evitar permanecer nos extremos. Edgar Silva ensaiou um distanciamento do seu adversário ao admitir que as suas prioridades são o combate ao desemprego e no desenvolvimento da capacidade produtiva do país, em setores estratégicos como o mar ou agricultura, que não podem continuar a ser alienados", resumiu. 

Nóvoa lembrou que na carta de princípios da sua candidatura defende a luta contra o desemprego, sobretudo o desemprego jovem, e o combate à precaridade dos vínculos laborais. E lembrou o seu desígnio: o conhecimento. "Um país capaz, um país preparado, é um país que é capaz de apostar nas diversas dimensões do conhecimento sempre com uma linha de inovação, de capacidade de produção, de ciração de riqueza. A soberania nacional depende em grande medida dessa capacidade e é por isso que interpreto a função presidencial de garantia da independência nacional não a partir dos conceitos tradicionais de território ou dos conceitos tradicionais de soberania, mas a partir da modernaização da economia e da capacidade produtiva ", sublinhou o ex-reitor da Universidade de Lisboa. 

Edgar Silva aproveitou a questão da indepedência nacional para mais uma vez defender a renegociação da dívida. Sampaio da Nóvoa, que asinou o manifesto dos 74 pela renegociação da dívida, em 2014, não reiterou o apelo, optando antes pode defender "políticas de convergência em torno de politicas de mudança em relação ao que foram os últimos anos de austeridade que essa foi em parte a grande base da minha candidatura" e que o levou a participar também (e em resposta a Edgar Silva) a participar nas inciativas do PS e de todos os outros partidos pelos quais foi convidado. 

Coreia do Norte e NATO foram os temas que se seguiram. Edgar Silva garantiu que enquanto PR não faria uma visita de Estado à Coreia do Norte. E a resposta foi clara e saiu do guião comunista: "Seria o último lugar do mundo onde pensaria fazer uma visita de Estado. Considero que o PR tem o dever de manter com todos os Estados e todos os povos relações de cooperação, de respeito por aquilo que são as decisões da ONU quanto à aplicação do direito internacional, independentemente das simpatias, das apreciações de caráter subjectivo sobre as políticas de cada um dos países", disse, garantindo que tudo fará para estar na "linha da frente do cumprimento dos Direitos Humanos". 

Nóvoa aproveitou para observar que "a Constituição num certo sentido liberta o PR de tarefas executivas e permite que uma parte do seu tempo seja dedicado a uma ação tradicional e essa ação pode ser dedicada aos Direitos Humanos". 

Sobre a manutenção dos compromissos de Portugal com a NATO, Edgar Silva clarificou lembrou a Constituição e frisou que "o PR não pode tomar decisões unilateralmente mas pode suscitar a reflexão no país". 

Nóvoa, por seu turno, remeteu para o o segundo mandato de Jorge Sampaio. "Sobre questões militares revejo-me muito no entendimento que teve Jorge Sampaio, em particular com a questão do Iraque. Isto é, na interpretação constitucional que ele fez e revejo-me na nacessidade de que intervenção militar seja o último dos últimos recursos e que ela só possa ser encarada depois de uma ação diplomática forte, depois de uma ação de informação e de partilha de informações forte. E só em último dos últimos recursos se pode admitir a possibilidade de uma intervenção militar e isso a ser feito deve ser feito no quadro do direito internacional", concluiu.