Época de reuniões familiares ou falta delas, aliada ao frio que ainda não se tinha sentido este inverno: estão em marcha os dois ingredientes principais que, juntos, fazem aumentar a afluência às urgências hospitalares.
“É a consequência natural das festas natalícias”, refere o secretário de Estado da Saúde. Manuel Delgado explicou ao i que o contacto com a família ajuda a identificar os problemas de saúde que passam despercebidos no resto do ano e justifica: “As urgências estiveram mais cheias nos dias seguintes ao Natal, de 26 a 30, e depois da passagem de ano, de dia 1 até agora.”
Ainda em vésperas de novo ano, o governante tinha mostrado preocupação com alguns hospitais que estariam próximos de “atingir os máximos da sua capacidade de resposta”. Ao i, Manuel Delgado deu como exemplo o caso do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, que atendeu mais cem doentes do que é habitual, passando das habituais 500 para 600 observações diárias.
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O alargamento dos horários dos centros de saúde foi a medida mais imediata para aliviar a afluência às urgências. Desde o final do ano passado que as habituais 12 horas – das 8h às 20h – foram alargadas, com os centros a fechar às 22h ou meia-noite. Nos feriados e fins de semana, alguns centros de saúde passam a abrir entre as 9h e as 10h, podendo estar em funcionamento até às 14h, 18h ou 24h. O secretário de Estado da Saúde garante que estes horários são para manter até dia 31 de março, “em função da necessidade dos respetivos serviços”.
Apesar de preferir não avançar ainda com números, o secretário de Estado garantiu ao i que tem já dados que o levam a afirmar que a afluência aos centros de saúde aumentou nos últimos dias, “sinónimo de que as pessoas já procuram este serviço antes de irem às urgências”.
Evitar o congestionamento das urgências durante o inverno tem sido, aliás, uma das lutas dos sucessivos governantes que passam pela tutela da saúde. Manuel Delgado já apelou publicamente aos utentes para não se dirigirem imediatamente às urgências, mas que antes telefonem para a Linha Saúde 24, a partir da qual serão “direcionados para o atendimento mais adequado, como o centro de saúde mais próximo da sua residência”.
Evitar o caos
Ainda com o caos que se instalou, no inverno passado, nas urgências como memória muito recente, o governo aposta este ano na prevenção. Recorde-se que pelo menos oito pessoas morreram nas urgências hospitalares em janeiro de 2015, estando alguns dos casos relacionados com a demora no atendimento. Além disso, falta de camas e presença de macas nos corredores eram dois cenários comuns nos hospitais, nas semanas com maior afluência
Este ano, Manuel Delgado garante que existe um plano para as alturas com mais doentes que passa pela contratação de efetivos e abertura de camas em hospitais onde há essa reserva. No entanto, descarta que estas sejam medidas a implementar de imediato. “Ainda não temos nenhuma unidade hospitalar em risco”, assegura, lembrando, no entanto, que não estamos ainda no pico da atividade gripal.
Graça Freitas, da Direção-Geral da Saúde (DGS), confirma ao i que houve um “aumento da procura das urgências nos últimos dias por circulação de vírus”, tratando-se ou não de gripe. A subdiretora da DGS lembra que a atividade gripal em Portugal é mais tardia que no resto da Europa e que este ano vai ocorrer ainda mais tarde. “No ano passado atingimos o pico em dezembro. Este ano isso só vai acontecer ainda este mês ou apenas em fevereiro”, conclui.