Salvo raras e honrosas excepções, a generalidade das questões suscitadas pelos deputados dizia respeito às petites histoires levantadas pela comunicação social, e notava-se alguma falta de trabalho de casa. Foi então que o experiente deputado António Filipe, com especial argúcia e em plena demonstração de cultura política, porventura até não discordando do que me ouvira, desarmou sabiamente o meu contraditório seguinte, com um comentário feito mais ou menos assim – … “e concluo que o senhor SEC vai ao encontro daquilo que Gramsci dizia – “quando o optimismo da vontade se defronta com o pessimismo da razão “.
Ainda tentei contrapor que sem vontade a razão perde a alma, mas fui inconsequente, porque a verdade é que o XVIII governo constitucional cairia pouco tempo depois. Estava escrito. E eis que ao fim do implacável “general inverno” que vivemos, muda agora o estado das coisas.
Muito recentemente, por mero acaso, na festa de aniversário de um amigo comum, estive com António Filipe (que me perdoe a indiscrição!) e recordei-lhe este episódio. Rimo-nos dessa e de outras histórias. É, o momento é diferente, e creio bem que já se deu mais optimismo à razão. Ou menos pessimismo. A vontade existe. Um grande ano de 2016 para todos.
Escreve à terça-feira