01. Kendrick Lamar
Já faltam as palavras para falar de Kendrick Lamar. Isto não quer dizer que estejamos fartos, significa antes que “To Pimp a Butterfly” já figurou em tantas listas e tops que começa a ser difícil explicar ao mundo o motivo pelo qual é número um. É porque é um dos melhores discos da última década – ou até mais, não se sabe ao certo – e porque não é apenas o último disco de um rapper. Kendrick Lamar está para a música como Deus para os católicos. Se não está deveria estar. Rap, jazz, soul, interlúdios. Tem tudo. É genial.
02. Kamasi Washington
Uma das notícias do ano. “The Epic” é um disco com quase três horas que provoca perguntas do estilo: “Mas onde é que andava escondido este sujeito?”. 2015 foi o ano de estreia de Kamasi Washington, sempre com o saxofone no bolso mais próximo, e logo com uma obra-prima como esta. É jazz fresco e atual, é uma tarde/noite no sofá em que não esperamos que os minutos passem, nós é que passamos por eles. Esperemos que não se tenha cansado com um disco tão grande, e que volte a estar aqui. Nós e ele.
03. Courtney Barnett
Pesquise Courtney Barnett no Google e veja se sente o mesmo que nós: “É esta rapariga com ar de santinha que faz esta música barulhenta?”. Sim, é ela e fá-lo lindamente. “Sometimes I Sit and Think, and Sometimes I Just Sit” é o melhor que o rock fez durante 2015. Naquela postura em que se faz rock com vontade punk, pulseiras com picos figuradas – que isso já não se usa – e correntes nas calças. “Pedestrian At Best” é um dos temas do ano. Barnett tornou-se uma senhora a quem todos devemos uma vénia.
04. Vince Staples
A luz que Kendrick Lamar libertou ofuscou muito boa gente no hip-hop, com discos incríveis. Vince Staples nem por isso. Não é que tenha corrido nu pelas ruas de Los Angeles ao ponto de surgir em todos os telejornais. Ficou no seu canto e foi dele que editou “Summertime ‘06” – meio diário infantil, meio grito do ipiranga que esclarece a qualidade deste rapaz. Aqui tudo é bruto e com força, tudo é rebuçado prestes a rebentar, tudo é muito bom. E escute-se: ele vem Long Beach e só tem 22 anos. Preparem-se.
05. Ibeyi
Lisa-Kaindé Diaz e Naomi Diaz nasceram e cresceram em Paris, mas são filhas de pais cubanos, herança que as fez voltar inúmeras vezes a Havana, durante as férias de verão. Aqui nada parece fácil: Ibeyi é de pronúncia manhosa, tal como descortinar o dialeto que aplicam em algumas das suas faixas. Chama-se yoruba e pertence aos seus antepassados familiares, que remontam à Nigéria. Esta mistura é uma sopa de música meio soul, meio r&b e downtempo. Eletrónica que respira. O fácil é ouvir o disco e deleitarmo-nos com ele.
06. Archy Marshall
O último grande disco do ano, acabado de editar. Mais dias tivesse 2015 e talvez este “A New Place 2 Drown” estivesse uns lugares acima em grande parte das listas. Aqui, segue em sexto, lugar honrado para um miúdo britânico nascido em 1994 e que só pode ser apelidado de pequeno génio. É King Krule quando segura a guitarra rock lá de casa, é mais uma série de projetos paralelos, e é, agora, Archy Marshall, seu nome de nascença e através do qual nos atira o melhor disco que já fez. Eletrónica ambiental, da melhor.
07. Speedy Ortiz
À boleia do carisma e da voz sai-da-frente-ou-acabo-contigo de Sadie Dupuis, os Speedy Ortiz tornaram-se uma das bandas mais interessantes do panorama rock alternativo – e neste caso até algo pesado – que esta década já viu. Mais uma prova de que as mulheres é que mandam, e que uma banda pode bem ser o calor que a sua vocalista poderosa transmite. “Raising the Skate” é um dos temas do ano, tocou em todas as rádios, mas “Foil Deer” não se circunscreve a uma faixa. É rock selvagem em contexto urbano.
08. Sleater-Kinney
Uma das melhores notícias de 2014 foi o regresso destas três estarolas. Entre 1994 e 2005 editaram sete discos punk como tudo, filhas daquela atitude que gosta de rebentar qualquer palco, num bar de esquina ou num estádio. “No Cities No Love” é o regresso ao local do crime depois de um hiato que ninguém desejou. A banda de Tucker e Brownstein podia bem ter ficado a gozar do sucesso e estatuto que já detinha, mas o rock está-lhes no sangue. E ainda bem, para o ano queremos mais.
09. Jazmine Sullivan
Algures entre Lauryn Hill e Dorinda Clark-Cole. Melhor: com um toque de produção e amizade de Missy Elliot. Jazmine Sullivan é o melhor que o r&b nos reservou para 2015. E tendo “Reality Show” sido editado em janeiro, isso significa que andou connosco para todo o lado, foi festa em dias de aniversário e foi sofrimento de sofá quando nos tramaram as voltas. O talento é infinito, brinca com a voz como se de um parque de diversões se tratasse. “Reality Show” é bem mais real que o seu nome. Exige-se escuta.
10. Beach House
Os Beach House sofrem de um problema que não é inédito: são animais de estúdio, vampiros com dificuldades sociais, gente que ao vivo dá a ideia de adormecer o público. E então? Este “Depression Cherry” não tem culpa que os seus progenitores sejam gente sem grande capacidade de dar espetáculos ao vivo. Ele foi criado em cuba, isolado do mundo, num estúdio de Louisiana onde Alex Scally e Victoria Legrand fizeram do melhor dream pop da carreira. É de sonhar e, por isso, de oferecer à sua cara metade.