A aparente proximidade entre tendências políticas dos dois lados da fronteira desvia as atenções das diferenças essenciais. Como seja o facto de Espanha ser a quinta economia europeia (e o nosso maior cliente), além convidado permanente do G20. De Bragança ficar (em 2016) a menos tempo de comboio de Madrid do que Lisboa está do Porto. De haver seis Nobel da Literatura espanhóis e um português (este só após se ter tornado quase espanhol). E até nos estoiros bancários, a desproporção é brutal. O colapso do Bankia custou 23 B€, mais do que BPN, BPP, BES e BANIF juntos.
Espanha tem praças maiores, melhores artistas (basta ver as peneiras que temos com os «nossos» Miró), desportistas consagrados (mesmo os nascidos cá) e uma dimensão internacional respeitável. E problemas, que dispensamos bem, bem mais dramáticos: um desemprego historicamente enorme, a ETA e centenas de mortos em atentados terroristas, nacionalismos vários e uma ocasional tendência para a piroseira (que também importámos).
Põe-se a questão: somos realmente uma desgraça? Um sítio mal frequentado? Devemos ir a correr atirar-nos abaixo da ponte mais próxima? Nada disso. Contrariando a moda (e a história) europeia dos movimentos secessionistas, seria de aproveitar as Festas para ponderar se queremos continuar a ser só os vizinhos do lado. Ou se aproveitamos como deve ser a condição informal de 18ª região de Espanha.
Escreve à quinta-feira