Não me banifem


De prosa direta e bem simples, parece-me que a regulação, em sentido lato, padece de uma rápida reformulação (ou de regulação se quiserem). Não sou especialista mas permito-me opinar, para concluir que a regulação de hoje está longe dos fundamentos que a criaram.


Na Europa, após a II Guerra, o Estado assume as responsabilidades de planeamento, operação, coordenação e gestão da economia nas infraestruturas consideradas vitais. Define as propriedades de serviço público, zelando pela sua sobrevivência, neutralidade e modernização. Nascem as grandes empresas estatais com monopólios territoriais e integradas verticalmente (por cá PT, Marconi, REN, EDP, CP e por aí em diante).

Hoje (por cá) pouco resta dessa realidade, mas por essa Europa a presença estatal nas principais empresas públicas ainda se faz sentir. Ainda são ativos estratégicos. E porquê? Porque existe associado a estes setores (vitais) uma sensação de medo de que se algo correr mal o Estado salvaguarda qualquer intempérie. Assim, mal ou bem e com níveis de participação do Estado variáveis consoante a orientação ideológica, temos assistido a uma capacidade de regulação sobre as principais infraestruturas estratégicas. 

Bem… Efetiva, mas não transversal! O sistema bancário e financeiro, não obstante os buracos para onde já nos empurrou, parece continuar a beneficiar de um privilégio supra regulatório. Aqui (nos “mercados”) não existe essa sensação de medo e é esta ausência que nos deve preocupar. Foi assim em 2007, com a crise do subprime, com as autoridades a optarem por assumir essa ausência de medo (justificado pelo reduzido peso daquele mercado) como forma de contenção dos seus efeitos.

Em paralelo, falhámos no acompanhamento da evolução criativa dos mercados. Em 2008, após anos de negociação, entraram em vigor na Europa as novas regras de adequação do capital dos bancos – Basileia II. Estas concentraram-se apenas nos bancos, deixando de fora as indistinguíveis ligações entre os diversos segmentos do sistema, formadas pela criatividade financeira. “On top” as ditas regras do sistema incidem apenas sobre os procedimentos de avaliação do risco de crédito e não sobre os resultados: modelos matemáticos de medição do risco em detrimento da análise e acompanhamento do crédito – Do género: Toma lá dinheiro, paga-me os juros e orienta-te!

Por isso não me “Banifem”, não sou eu que especulo! Não sou eu que negoceio no mercado de futuros! Que constituo fundos de fundos de fundos! Porque é que tenho que pagar? A sério! Vão-se “Banifar”!  


Não me banifem


De prosa direta e bem simples, parece-me que a regulação, em sentido lato, padece de uma rápida reformulação (ou de regulação se quiserem). Não sou especialista mas permito-me opinar, para concluir que a regulação de hoje está longe dos fundamentos que a criaram.


Na Europa, após a II Guerra, o Estado assume as responsabilidades de planeamento, operação, coordenação e gestão da economia nas infraestruturas consideradas vitais. Define as propriedades de serviço público, zelando pela sua sobrevivência, neutralidade e modernização. Nascem as grandes empresas estatais com monopólios territoriais e integradas verticalmente (por cá PT, Marconi, REN, EDP, CP e por aí em diante).

Hoje (por cá) pouco resta dessa realidade, mas por essa Europa a presença estatal nas principais empresas públicas ainda se faz sentir. Ainda são ativos estratégicos. E porquê? Porque existe associado a estes setores (vitais) uma sensação de medo de que se algo correr mal o Estado salvaguarda qualquer intempérie. Assim, mal ou bem e com níveis de participação do Estado variáveis consoante a orientação ideológica, temos assistido a uma capacidade de regulação sobre as principais infraestruturas estratégicas. 

Bem… Efetiva, mas não transversal! O sistema bancário e financeiro, não obstante os buracos para onde já nos empurrou, parece continuar a beneficiar de um privilégio supra regulatório. Aqui (nos “mercados”) não existe essa sensação de medo e é esta ausência que nos deve preocupar. Foi assim em 2007, com a crise do subprime, com as autoridades a optarem por assumir essa ausência de medo (justificado pelo reduzido peso daquele mercado) como forma de contenção dos seus efeitos.

Em paralelo, falhámos no acompanhamento da evolução criativa dos mercados. Em 2008, após anos de negociação, entraram em vigor na Europa as novas regras de adequação do capital dos bancos – Basileia II. Estas concentraram-se apenas nos bancos, deixando de fora as indistinguíveis ligações entre os diversos segmentos do sistema, formadas pela criatividade financeira. “On top” as ditas regras do sistema incidem apenas sobre os procedimentos de avaliação do risco de crédito e não sobre os resultados: modelos matemáticos de medição do risco em detrimento da análise e acompanhamento do crédito – Do género: Toma lá dinheiro, paga-me os juros e orienta-te!

Por isso não me “Banifem”, não sou eu que especulo! Não sou eu que negoceio no mercado de futuros! Que constituo fundos de fundos de fundos! Porque é que tenho que pagar? A sério! Vão-se “Banifar”!