As ruas enchem-se de gente, apesar do frio e de já ser escuro por volta das cinco. Nesta altura do ano há uma tendência natural para procurar a luz, qualquer que seja; onde quer que esteja: nas lojas, nas velas ou à volta da lareira. A de Jesus que nasceu num lugar indicado pela luz de uma estrela.
Também há uma maior disposição para nos encontrarmos: em jantares, almoços ou lanches; no derradeiro jogo de bola do ano; na cartada que tardava; no último passeio no parque, com as árvores despidas e o cheiro do frio húmido próprio do Inverno. Tudo na expectativa do regresso, do retorno do sol e do calor.
Não deixa de ter graça que seja assim há milénios. Que tenhamos esta necessidade do calor e do conforto que vem com a luz. De como na escuridão nos juntamos à espera de um tempo melhor. Até mesmo, quando terminada a noite de consoada e a casa já dorme, nos deixamos ficar a sós na sala, ou saímos para a rua, enchemos o peito de ar, olhamos para cima, e com sorte o tempo está seco, e vemos o brilho das luzes no céu escuro da noite enquanto pensamos no ano que passou.
Advogado. Escreve à quinta-feira