O problema é que na China comunista, porque o mercado está fortemente dominado pelo Estado, os empresários têm de fazer negócios com gestores públicos que, com um peso político suficiente, assegurem as licenças emitidas pelas autoridades e até mesmo o necessário financiamento dos bancos, nos quais o Estado também tem um forte peso.
Numa economia totalmente desvirtuada como é a chinesa é quase impossível fazer negócios sem se ser corrupto. O sistema é tolerado enquanto funciona, ou seja, enquanto os bolsos de todos se vão enchendo e a economia apresenta resultados que não obrigam a que se procure um bode expiatório.
O que acontece quando os vícios que desacreditam todo um sistema vêm à tona e a economia começa a dar de si. Nesse momento, os governos assustam-se e, para sobreviver, trocam os resultados económicos pelos políticos: combate à corrupção, detenções, ou que seja mais apropriado para restabelecer aquilo a que eufemisticamente se chama de confiança. A forte ligação do Estado ao grandes grupos económicos é a forma que o socialismo tem encontrado para sobreviver, como se vê bem na China, mas também, embora noutra escala, em Portugal com o BES e outros casos similares.
Advogado. Escreve à quinta-feira